ATA DA QUARTA REUNIÃO ORDINÁRIA DA TERCEIRA COMISSÃO REPRESENTATIVA DA DÉCIMA TERCEIRA LEGISLATURA, EM 22-01-2003.

 


Aos vinte e dois dias do mês de janeiro de dois mil e três, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às nove horas e quarenta e cinco minutos, foi efetuada a segunda chamada, sendo respondida pelos Vereadores Carlos Alberto Garcia, Clênia Maranhão, Elói Guimarães, Ervino Besson, Haroldo de Souza, Isaac Ainhorn, João Antonio Dib, Maria Celeste, Raul Carrion, Reginaldo Pujol, Sebastião Melo e Zé Valdir, Titulares. Ainda, durante a Sessão, compareceram os Vereadores Darci Campani e Nereu D’Avila, Não-Titulares. Constatada a existência de quórum, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos e determinou a distribuição em avulsos de cópias da Ata Declaratória da Segunda Reunião Ordinária e da Ata da Terceira Reunião Ordinária que, juntamente com a Ata da Reunião de Instalação da Terceira Comissão Representativa e a Ata da Primeira Reunião Ordinária, deixaram de ser votadas face à inexistência de quórum deliberativo. À MESA, foi encaminhado, pelo Vereador Haroldo de Souza, 01 Pedido de Providências. Também, foram apregoados os seguintes Ofícios, do Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre: de nº 016/03, encaminhando Veto Total ao Projeto de Lei do Legislativo nº 053/01 (Processo nº 3333/01); de nº 026/03, encaminhando Veto Total ao Projeto de Lei do Legislativo nº 053/01 (Processo nº 1249/01); de nº 027/03, encaminhando Veto Total ao Projeto de Lei do Legislativo nº 008/02 (Processo nº 0174/02). Do EXPEDIENTE, constaram os Ofícios nºs 721, 722, 726, 736, 737 e 738/02, do Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador Raul Carrion relatou sua participação no Fórum Mundial da Educação, Fórum Mundial de Juízes e Fórum de Autoridades Locais, ressaltando a importância desses eventos como preparação para o III Fórum Social Mundial, a ser realizado em Porto Alegre do dia vinte e três ao dia vinte e oito de janeiro do corrente. Também, repudiou a preparação militar dos Estados Unidos da América para possível invasão ao Iraque. Na oportunidade, por solicitação do Vereador Ervino Besson, foi realizado um minuto de silêncio em homenagem póstuma ao ex-Deputado Estadual Pahim Motta, falecido no dia vinte de janeiro do corrente. Em COMUNICAÇÕES, a Vereadora Maria Celeste discorreu sobre as atividades preparatórias ao III Fórum Social Mundial, destacando a participação de Sua Excelência no Fórum de Atividades Locais, que teve como objetivo principal reforçar o papel das cidades no novo cenário mundial, com propostas em defesa da inclusão social. Ainda, reportou-se às discussões produzidas no Fórum Mundial da Educação, relativamente aos índices de analfabetismo no Brasil e no mundo. O Vereador Haroldo de Souza, cumprimentando o Vereador João Antonio Dib pela assunção ao cargo de Presidente deste Legislativo, questionou o Governo Municipal a respeito das políticas sociais voltadas ao menor abandonado durante a realização do III Fórum Social Mundial e criticou a participação do ativista francês José Bové nesse evento. Também, comentou sugestões recebidas para melhorias no Mercado Público de Porto Alegre e questionou a política econômica do Governo Federal. O Vereador Ervino Besson registrou sua participação no translado da imagem de Nossa Senhora dos Navegantes, realizado ontem na Cidade, convidando os presentes para a novena e a procissão em homenagem a essa Santa. Também, manifestou-se sobre atos de vandalismo que têm ocorrido nos cemitérios de diversas cidades gaúchas e avaliou o posicionamento do Senhor Governador do Estado do Rio Grande do Sul, relativamente à realização do III Fórum Social Mundial. O Vereador Elói Guimarães, esclarecendo sua opinião sobre III Fórum Social Mundial, defendeu a posição manifestada pelo Senhor Governador do Estado do Rio Grande do Sul quanto ao apoio financeiro e logístico disponibilizado para a realização desse evento. Ainda, divergindo do discurso feito pelo Vereador Raul Carrion, referiu-se criticamente à política adotada pelo Iraque, relembrando os ataques terroristas sofridos pelos Estados Unidos da América em dois mil e dois. A Vereadora Clênia Maranhão posicionou-se favoravelmente à realização do III Fórum Social Mundial, argumentando que esse evento propiciará debates de grande relevância acerca de questões de alcance global e que Porto Alegre se insere como destaque no cenário mundial a partir do dia vinte e três do corrente. Também, teceu considerações sobre as manifestações mundiais que refutam a possibilidade de invasão armada dos Estados Unidos da América contra o Iraque. O Vereador Carlos Alberto Garcia exaltou a disposição do Senhor Cristóvam Buarque, Ministro da Educação, em reduzir os índices de analfabetismo no Brasil e fomentar o desenvolvimento do ensino fundamental no País. Nesse sentido, enfatizou proposição de sua autoria, que dispõe sobre a utilização, pela população, dos espaços de lazer das escolas municipais, aos finais de semana e feriados, justificando que essa iniciativa favorecerá a integração e diminuirá a violência nas comunidades do entorno das escolas. O Vereador Zé Valdir teceu considerações sobre o Governo do Senhor George W. Bush, Presidente dos Estados Unidos da América, criticando o posicionamento desse líder frente aos conflitos internacionais. Também, enalteceu a diversidade de representações filosóficas existentes no III Fórum Social Mundial e enfatizou ser esse evento ideologicamente oposto ao Fórum Econômico Mundial. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Raul Carrion registrou o transcurso, no dia vinte e quatro de janeiro do corrente, do Dia Nacional do Aposentado e mencionou haver uma perda acumulada nos proventos dos inativos brasileiros na ordem de cinqüenta e nove por cento. Também, reportou-se ao Governo do Senhor Luiz Inácio Lula da Silva, Presidente da República, lembrando haver muitos problemas a serem solucionados em seu mandato. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador Sebastião Melo pronunciou-se sobre o III Fórum Social Mundial, salientando a importância desse evento e sugerindo a revisão de alguns critérios técnicos de sua organização. Também, reprovou manifestações de correligionários partidários do Senhor Luiz Inácio Lula da Silva, Presidente da República, contrários à sua participação no Fórum Econômico Mundial, a ser realizado na Cidade de Davos, na Suíça. O Vereador Reginaldo Pujol manifestou-se acerca do III Fórum Social Mundial, enfatizando a preocupação da Prefeitura Municipal em providenciar ônibus especial para realização de passeios turísticos pela Capital. Relativamente ao assunto, questionou a forma pela qual foi disponibilizado esse veículo e lembrou existirem obras prioritárias a serem concluídas pelo Executivo Municipal, como a III Perimetral. O Vereador Isaac Ainhorn discorreu sobre o III Fórum Social Mundial, destacando os efeitos desse evento para a projeção de Porto Alegre no cenário mundial e propôs alterações em seus critérios de organização. Também, reprovou a atitude do Senhor Adeli Sell, Secretário Municipal da Produção, Indústria e Comércio de Porto Alegre, ao proibir a atividade comercial de vendedores ambulantes nos locais onde são realizados eventos integrantes do III Fórum Social Mundial. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, a Vereadora Clênia Maranhão recuperou dados históricos relativos às origens do Fórum Social Mundial e lembrou estar a sociedade brasileira vivendo um momento de transformações políticas. Também, anunciou reunião com lideranças da Federação Democrática Mundial de Mulheres – FEDIM, a ser realizada amanhã no Palácio Aloísio Filho. O Vereador Zé Valdir referiu-se ao III Fórum Social Mundial, destacando a programação de múltiplas atividades paralelas e salientando a diversidade dos temas a serem discutidos durante o evento. Também, afirmou haver, por parte da organização do Fórum Social Mundial, transparência na apresentação de Porto Alegre aos visitantes e atribuiu o fato da Capital sediar esse evento à identificação dos porto-alegrenses com políticas voltadas à participação popular. Na ocasião, o Senhor Presidente manifestou-se sobre o fato de a Câmara Municipal de Porto Alegre não ter recebido convite para participar do Terceiro Fórum Social Mundial. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Elói Guimarães reportou-se à manifestação do Vereador João Antonio Dib, Presidente desta Casa, lamentando o fato de a organização do III Fórum Social Mundial não ter convidado a Câmara Municipal de Porto Alegre a participar das atividades desse evento. Relativamente ao assunto, ressaltou o fato de ser esse empreendimento auto-sustentável, pois movimenta a estrutura econômica da Capital e do Estado. A seguir, face manifestação do Vereador Zé Valdir, o Senhor Presidente prestou esclarecimentos acerca das relações institucionais da Casa com a organização do Terceiro Fórum Social Mundial. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Sebastião Melo pronunciou-se sobre o III Fórum Social Mundial, cobrando a inclusão de vilas populares da Capital no roteiro oficial de visitas estabelecido para os participantes desse evento. Também, teceu críticas à atuação do Executivo Municipal, mencionando questões como a falta de medicamentos nos postos de saúde e a necessidade da execução de políticas de regularização fundiária em Porto Alegre. O Vereador Isaac Ainhorn referiu-se ao teor do pronunciamento efetuado pelo Vereador Sebastião Melo em Comunicação de Líder, reprovando o desempenho da Prefeitura Municipal de Porto Alegre na solução de problemas existentes na Capital. Também, manifestou-se acerca da participação do Senhor Luiz Inácio Lula da Silva, Presidente da República, no III Fórum Social Mundial e no Fórum Econômico Mundial. Às doze horas e vinte e oito minutos, constatada a inexistência de quórum, o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores Titulares para a Reunião Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelo Vereador João Antonio Dib e secretariados pelo Vereador Elói Guimarães. Do que eu, Elói Guimarães, Secretário “ad hoc”, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada pela Senhora 1ª Secretária e pelo Senhor Presidente.

 

 


O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Passamos às

 

COMUNICAÇÕES

 

O Ver. Raul Carrion está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. RAUL CARRION: Ex.mo Ver. João Antonio Dib, Presidente desta Casa e dos trabalhos, demais Vereadores e Vereadoras, e todos os que nos assistem aqui e pela TV Câmara, estamos vivendo em Porto Alegre um momento ímpar quando a Capital dos gaúchos é o centro das atenções de todo o mundo com a realização simultânea de inúmeros fóruns, que convergem para o 3.º Fórum Social Mundial.

Tivemos a oportunidade de, na noite de domingo, com a presença também de outros Vereadores, participar da abertura do Fórum Mundial de Educação, no Gigantinho, onde foram apresentados, por um lado, grandes espetáculos artístico-culturais de alta qualidade, e, o que é impressionante, desenvolvidos por alunos das escolas de 1.º grau de Porto Alegre: um grande balé, inicialmente, e depois uma orquestra de flautas da Escola Heitor Villa Lobos. Foi um espetáculo impressionante, os milhares de delegados acompanharam e aplaudiram.

Na noite de segunda-feira, tivemos a oportunidade também de participar da abertura do Fórum Mundial de Juízes, desta vez aberto no Hotel Plaza, em Porto Alegre, com a presença de quase um milhar de juízes de todo o mundo, num grande ato de abertura e que prossegue até o dia de hoje, assim como o Fórum Mundial de Educação.

Na manhã de ontem, representamos, com grande honra, o Presidente desta Casa, o Ver. João Antonio Dib, no Fórum de Autoridades Locais, que se realiza até o final do dia de hoje no auditório da Associação Médica do Rio Grande do Sul, com a presença do Sr. Governador Germano Rigotto, do Prefeito João Verle, do Ministro das Cidades, Sr. Olívio Dutra, do ex-Prefeito desta Cidade Tarso Genro, que hoje é coordenador desse grande conselho social, Secretário nacional, e personalidades de todo o mundo. Na ocasião, inclusive, tivemos oportunidade de falar em nome da Casa, saudando os quase mil representantes de Municípios, prefeituras, intendências, representantes parlamentares, o ex-Presidente português Mário Soares, a Prefeita de São Paulo, o intendente de Buenos Aires; em suma, foi um grande evento. Teremos no dia de amanhã a abertura de uma grande caminhada, às 17h, com concentração no Largo Glênio Peres, do Fórum Social Mundial.

Certamente esses grandes eventos que se concentram em Porto Alegre, que fazem de Porto Alegre uma cidade conhecida em todo mundo, referência intelectual, referência de pontos de vista para um outro mundo possível, serão um brado dos povos do mundo pela paz, contra as agressões aos povos, que estão sendo forjadas, pela soberania das nações, pelo respeito ao direito internacional e por um novo mundo, sem fome, sem miséria, sem guerras, com os direitos dos povos, das nações, dos trabalhadores respeitados.

Há uma discussão com relação a se o Fórum continua em Porto Alegre ou não; será decidido possivelmente entre hoje e amanhã. Estamos fazendo um grande esforço, apesar dos equívocos que entendemos que o nosso Governo Estadual cometeu em um primeiro momento. Mas agora o próprio Governador, no dia de ontem, ao falar no Fórum de Autoridades Locais, pediu que o Fórum Social Mundial continuasse em Porto Alegre. Não sei se conseguiremos, mas isso também é importante para aquelas forças políticas, aqueles partidos que, tantas vezes, aqui nesta Casa, se manifestaram contra o Fórum, como se o Fórum fosse o fórum de algum partido, o fórum de alguma corrente ideológica, quando, na verdade, o Fórum Social Mundial é dos povos, é o fórum das organizações sociais do mundo; é o fórum dos parlamentares, das autoridades, dos grandes movimentos, das grandes universidades de todo o mundo.

Recordo-me que, quando votamos nesta Casa o Título de Cidadão de Porto Alegre para o grande jornalista francês do Le Monde Diplomatique, coordenador do ATTAC, Bernard Cassen, - ele que foi um dos idealizadores para que esse Fórum viesse a Porto Alegre -, tivemos uma manifestação contrária desta Casa por falta, no meu entender, de compreensão do que é o Fórum Social Mundial, do que é o peso dessa grande articulação mundial.

Quero, antes de finalizar o pronunciamento, manifestar também, em nome da Bancada do Partido Comunista do Brasil, o PC do B, o nosso alerta, a nossa denúncia para o que os Estados Unidos estão preparando de forma belicista, de forma arrogante, prepotente, que é o ataque a um povo indefeso, o povo do Iraque, que, há anos, sofre um bloqueio desumano, que as entidades da ONU têm demonstrado, que tem levado à morte as crianças iraquianas, o povo iraquiano. Vemos hoje os Estados Unidos, como se fosse uma grande produção “hollywoodiana”, desembarcando tropas armadas até os dentes. Ele, que é o país dos maiores arsenais atômicos do mundo, dos maiores arsenais de armas químicas do mundo, dos maiores arsenais de armas biológicas do mundo, uma ameaça a qualquer povo que ouse ter armas para se defender, para defender sua soberania. E o que é mais impressionante, esse povo belicista, arrogante, que está atraindo para si o ódio do mundo inteiro - faço uma correção, não é povo, porque o povo norte-americano está fazendo grandes mobilizações também, Ver. João Antonio Dib, contra a guerra, pela paz no mundo, mas é aquela cúpula militarista, aquela cúpula que só vê a possibilidade da saída da crise da economia norte-americana desenvolvendo uma guerra mundial. Estamos aqui repudiando essa atitude.

Existem estudos que a imprensa internacional divulgou que calculam em mais de quinhentos mil mortos no Iraque se os Estados Unidos realizarem a sua agressão. Consultada uma grande autoridade norte-americana sobre se isso não fazia repensar, disse que, absolutamente, isso não importava para esses destruidores das nações e dos povos. E o que é importante ainda dizer é que até agora a comissão que está investigando, dentro do Iraque, a existência de armas não constatou a existência de uma única arma de destruição; aliás, não precisavam ir ao Iraque se quisessem encontrar armas de destruição, que fossem então aos Estados Unidos, à Inglaterra, e a outros países agressores; lá estão as armas de destruição em massa, lá estão as armas químicas, lá estão as armas biológicas, lá estão as armas atômicas e não no Iraque, devastado pela fome e pela miséria pelo bloqueio norte-americano.

O Conselho da ONU é contrário, os países da ONU são contrários, e os Estados Unidos ameaçam dizendo que, independente da ONU, ele se arrogam o direito de destruir o Iraque, retirar o governo iraquiano. Da mesma forma que hoje desestabiliza a Venezuela - e vou concluir, Presidente -, da mesma forma que amanhã, quando o nosso povo, de forma soberana derrotar o neoliberalismo e construir um Brasil progressista, moderno, e talvez um dia - talvez não, certamente um dia - socialista, também se arrogará a invadir e destruir o nosso País. Por isso, e concluo, Sr. Presidente, a luta em defesa do Iraque, hoje, e quem sabe da Coréia, também ameaçada, da Venezuela, de tantos países, da Colômbia, é também a defesa do Brasil. Não estamos fazendo favor a esses povos; estamos defendendo o futuro do povo brasileiro. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. ERVINO BESSON (Requerimento): Na última segunda-feira, dia 20, Pahim Motta, um grande e histórico homem, foi enterrado em Alegrete. Homem que foi Vereador, Vice-Prefeito, Prefeito e Deputado e que deixou uma história muito marcante na trajetória política deste Estado. Ele é pai do nosso amigo e grande companheiro, Vice-Presidente da RBS, Afonso Motta. Pahim, inclusive, na época da ditadura militar, por várias vezes, recebeu dura repressão por ser um homem de linha de frente.

Peço que se faça, em homenagem a ele e em razão dessa grande perda que o Rio Grande teve na última segunda-feira, um minuto de silêncio.

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Deferimos o pedido.

 

(Faz-se um minuto de silêncio.)

 

A Ver.ª Maria Celeste está com a palavra em Comunicações.

 

A SRA. MARIA CELESTE: Sr. Presidente, Ver. João Antonio Dib, Srs. Vereadores, senhoras e senhores.

Gostaria de fazer um breve relato do que foi a nossa participação ontem no 3.º Fórum de Autoridades Locais de Porto Alegre, o qual teve a participação do meu companheiro Ver. Raul Carrion, que esteve lá representando a Mesa desta Casa.

Lembro que o 3.º Fórum de Autoridades é um dos fóruns que está acontecendo antes do nosso 3.º Fórum Social Mundial, assim como o Fórum Mundial de Educação, assim como o Fórum Mundial de Juízes, que já está sendo articulado e vibrando na cidade de Porto Alegre, com tantas discussões necessárias que têm sido feitas e que são preparatórias ao Fórum e fomentando o Fórum Mundial aqui no Rio Grande do Sul.

Lembro que o Fórum de Autoridades Locais, já na sua terceira edição, iniciou na primeira edição com a participação de cento e oitenta Prefeitos, representações da Europa, da América Latina, da África, e tinha como objetivo principal debater as dificuldades da gestão pública municipal num cenário de crescente desigualdade social. No primeiro Fórum, foi tirada o que nós chamamos a Carta de Porto Alegre. Um documento com as diretrizes, com os anseios do que seria a proposta do que se quer como autoridade municipal responsável pelas políticas públicas dos mais diversos Municípios de todo o nosso planeta.

No II Fórum de Autoridades Locais tivemos como objetivo principal reforçar o papel das cidades como atores políticos no novo cenário mundial; defender a constituição de alternativas comprometidas com uma outra globalização - humana e solidária -, diferente do sistema implantado e projetado no planeta. Ali, tirou-se como proposta a criação da rede de cidades pela inclusão social.

Fala-se muito que os fóruns de discussão não deliberam nenhum papel, não sai um documento. Na realidade não pode sair um documento mesmo, devem sair vários documentos que falam e trazem as propostas necessárias nessa nova discussão; uma discussão que trata da solidariedade, que trata da justiça social, e, principalmente, no Fórum de Autoridades Locais, que trata da inclusão social. Nesse 3.º Fórum de Autoridades Locais, então, qual é a discussão que está se promovendo, Ver. João Antonio Dib - que me escuta com bastante atenção? O objetivo é incorporar no programa dos Governos locais, dos Municípios, das cidades, do mundo, a exigência da democracia nas instituições e nas relações internacionais. O que se vai tirar de proposta e de compromisso? Confirmam - todos os Prefeitos, os Parlamentares lá envolvidos - o compromisso com uma sociedade civil mundial organizada e fortalecida com os governos locais articulados em rede e atuantes politicamente no cenário internacional. Nós estamos, então, referendando as políticas locais, os Municípios, fortalecendo a questão das discussões locais dentro de um universo maior, restabelecendo e tratando as questões do cenário internacional. Esse, então, é um Fórum que está acontecendo desde ontem, com representação da Câmara Municipal; estivemos lá, encontramos vários Vereadores que solicitaram uma visita à Câmara de Vereadores, o que já passei para o Gabinete da Presidência; um intercâmbio, Vereadores da Colômbia que querem conhecer como é que funciona o Parlamento de Porto Alegre - esta Cidade que, com o Fórum Social Mundial, foi colocada efetivamente no mapa mundi, é uma referência para o mundo todo nos dias de hoje.

A segunda discussão que eu gostaria de levantar, e que está acontecendo, é com relação ao Fórum Mundial de Educação. Tivemos, ontem, a conferência do indiano Kailash Satiarthi, que traz dados estarrecedores. Ele diz que cerca de cento e trinta milhões de crianças no mundo nunca freqüentaram a escola e que cento e cinqüenta milhões de crianças no mundo não chegaram a completar a quinta série do ensino fundamental. Ele traz a discussão para essa conferência e diz que a construção social do conhecimento é fundamental para o desenvolvimento da espécie humana.

Vereador Ervino Besson - que muitas vezes fala da escola e traz em seus pronunciamentos a preocupação com a educação -, o Fórum Mundial de Educação, que acontece em Porto Alegre, discute esses temas com essa preocupação fundamental: a questão do analfabetismo no mundo.

O Governo Lula traz uma preocupação emergencial, que é apontada no seu programa como o Programa Fome Zero, que é um grande programa que nós estamos discutindo em todo o País, organizando com as entidades não-governamentais, buscando parcerias, buscando projetos e alternativas que já trazem essa questão, para que se possa viabilizar, de uma forma decente e humana, o programa no País. Junto a esse programa não dá para deixar de falar da questão do analfabetismo. Temos que combater a fome como uma situação emergencial. Está correto o Lula, quando diz que emergencialmente, prioritariamente, está estabelecendo o Programa Fome Zero.

Mas estamos preocupados com muito mais, Ver. Ervino Besson. Precisamos preparar um plano de alfabetização e isso o nosso Ministro Cristóvam Buarque está encarregado de fazer também para combater o analfabetismo no País. Os dados levantados ontem, a visão mundial que nos traz – cento e trinta milhões de crianças no mundo que nunca freqüentaram uma escola - são estarrecedores. E a situação do Brasil não é melhor, a situação do Brasil é séria: o analfabetismo caiu de 17,2, em 1992, para apenas 13,3, em 1999. Apesar dessa queda, o índice brasileiro ainda pode ser considerado muito alto, uma vez que o número de analfabetos ficou em 15,8 milhões no Brasil. Brasileiros não-alfabetizados são mais facilmente encontrados nas áreas rurais; no Estado de Alagoas, por exemplo, o índice é de 49,7% da população rural a partir de quinze anos, que não sabe ler. Sul e Sudeste apresentam os menores índices de analfabetos funcionais - isso quer dizer o quê? Pessoas que têm até três anos de estudo. No Norte e no Nordeste as taxas não são menores do que 30% e 40%. Portanto, nós temos um grande desafio pela frente, que é o combate ao analfabetismo - uma das nossas grandes preocupações e uma discussão que está sendo fomentada no Fórum Mundial de Educação.

Portanto, falar que o Fórum Social Mundial é apenas um discurso, que não traz propostas, que não traz documentos, que não aponta soluções, é uma inverdade. O Fórum Social está aí junto com os demais fóruns que estão acontecendo, o Fórum de Autoridades Locais, o Fórum Mundial de Educação, o Fórum de Juízes, as várias oficinas que vão acontecer na Cidade, propiciando a qualquer pessoa a oportunidade de participar, fazendo a sua inscrição, pagando uma pequena taxa e estará lá participando, discutindo, fomentando as discussões, fazendo os seus esclarecimentos, trazendo os seus apontamentos, fazendo o debate necessário e aí, sim, buscando construir, com isso, não um pensamento único, mas uma nova forma de atuar no mundo; o contraponto, exatamente, ao pensamento neoliberal que está aí e que é discutido em Davos. E muitas vezes é importante que lá se discuta, mas no Terceiro Mundo não é importante discutir as relações sociais estabelecidas nos demais países do planeta, não é importante discuti-las. O Terceiro Mundo não pode ter um pensamento, não pode ter uma discussão de esquerda. Nós estamos referendando o Fórum Social Mundial, sim, e convidando todas as pessoas a participarem e estarem presentes nas discussões, trazendo as suas contribuições para que, efetivamente, possamos pensar um mundo mais humano, mais solidário para todas as pessoas do planeta, em respeito a preservação da nossa espécie. Muito obrigada.

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Haroldo de Souza está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. HAROLDO DE SOUZA: Sr. Presidente, Ver. João Antonio Dib, quero aproveitar, talvez não dez minutos, mas parte deles, primeiro, para cumprimentá-lo, oficialmente, como Presidente desta Casa e para dizer - talvez não fosse preciso dizer isso a V. Ex.ª, que me conhece há bastante tempo - que não sou homem de marcar mágoas. Sou de ultrapassar e deixar as coisas no passado. Fui um opositor, sim, a sua eleição à Presidência da Casa, mas evidente que, a partir do dia 15 de fevereiro - com sinceridade, não vejo sentido na representatividade, nessas reuniões que fazemos aqui, mas faz parte do Regimento, tudo bem -, quando realmente estaremos de volta para trabalhar, V. Ex.ª pode contar com o meu trabalho, como Vereador, e com a minha amizade – isso não é preciso dizer, pois somos realmente amigos.

Eu não quero falar do Fórum Social Mundial, porque não participo dele. Eu, como Vereador de Porto Alegre, entendo que todos os Vereadores, as chamadas autoridades do Rio Grande do Sul deveriam ter, automaticamente, os seus convites, suas posições de destaque junto a esses que vêm de fora para a realização do Fórum Social Mundial em Porto Alegre. Não posso falar de uma coisa de que não estou participando. Não sei, realmente, o que acontece lá dentro. Eu, por intermédio da imprensa, estou sabendo que, às 8h, aqui nos acampamentos, se toma pinga pura. Não sei se isso é um bom exemplo. Pinga pura, “martelo”, “martelinho”! Talvez os excluídos estejam chegando ali, buscando, de uma outra maneira, mostrar que estão vivos e que querem participação. Não vejo um bom exemplo, sinceramente, na ingestão de bebida alcoólica às 8h por pessoas que estão participando do Fórum Social, mas não entro no mérito, porque não estou participando e não quero tomar pé da situação.

Agora, paralelamente ao Fórum Social Mundial, há uma coisa que me deixa encafifado sempre que o Fórum Social Mundial é realizado: estão sumindo das ruas os meninos e as meninas. Estão sumindo aos pouquinhos, e eu estou aqui! Eu não preciso, para trabalhar como Vereador, estar aqui nesta Casa. Então, tenho notado, na madrugada, em alguns lugares de Porto Alegre, que aquelas figurinhas carimbadas, meninos e meninas de rua estão sumindo, estão desaparecendo, exatamente como aconteceu quando da realização do último Fórum Social Mundial.

Eu pergunto aos representantes daqueles que organizam o Fórum Social Mundial se essas crianças vão ser retiradas das ruas de forma definitiva, se elas vão ser abrigadas de forma definitiva ou se, tão logo passe este evento, elas voltarão novamente para as ruas. É uma pergunta que faço, e gostaria que ela fosse respondida; gostaria, inclusive, de ter certeza de que a resposta seria positiva.

Eu não entendi o que o Ver. Raul Carrion disse a respeito do Governador Rigotto e da sua ligação com o Fórum Social Mundial. O Governador prestigiou, dentro da medida do possível, o Fórum Social Mundial. Eu acho que pela força que tem o Fórum Social Mundial, pela ganância com que se diz que esse Fórum Social Mundial é um poder, é uma potência, é um contraponto a Davos, tem condição de se manter, o Governo não se deve meter nisso, acho que não deve dar nenhum tostão. Talvez a Prefeitura, sim, porque o Fórum é da cidade de Porto Alegre, mas o Governo Estadual? Acho que o Governador Rigotto está absolutamente certo diminuindo a verba.

Eu queria alertar a equipe de segurança da Casa, a todos vocês seguranças: o Bové está aí, aquele ativista mau-caráter, anarquista, está aí, aquele mal-educado está aí. Vamos ficar atentos, porque é uma dinamite de ignorância ambulante que gira o globo o tal de Bové. É francês o cidadão, tem status, para aqueles que organizam o Fórum Social Mundial, mas não para mim. Se eu encontrar o Bové na rua, por gentileza, e ele entender o que estou falando, certamente vai ouvir umas poucas e boas deste que é um cidadão comum, exatamente como todos vocês que me estão assistindo, agora, pelo Canal 16.

Eu vou aproveitar um pouco mais e ler uma correspondência que recebi: “Na simplicidade de quem aproximadamente há quarenta anos labuta no Mercado, arrisco a fazer algumas sugestões que, acredito, irão qualificar o Centro de nossa metrópole. Sobre segurança: melhorar e ampliar o policiamento ostensivo das 8h às 20h nas proximidades do Mercado Público...” - há mais detalhes, mas vou passar por cima, porque vou tratar disso a partir do 15 - “... Segundo, colocar na Praça Glênio Peres um terminal circular de ônibus para que os freqüentadores, principalmente os idosos que não pagam passagem, tenham o seu ingresso no Mercado facilitado...”, ou seja, desembarcam na porta do Mercado; “Estudar a possibilidade de construir acima do terminal um estacionamento vertical, explorado pela Prefeitura...”, é mais uma "graninha" que pode entrar, “... possibilitando melhorar a freqüência às bancas; colocar o Mercado Público no calendário turístico de Porto Alegre, com visitas principalmente aos sábados, oportunidade em que os proprietários de bancas ofereceriam produtos de qualidade com preços de oferta...” - já estou enviando um pedido ao meu amigo Deputado Lara, que agora é Secretário de Turismo -; “... racionalizar os aluguéis e o condomínio para que os permissionários possam melhor qualificar os seus locais e produtos sem repasse para os usuários” - também vamos tratar disso; e, finalmente “Campanhas promocionais - o Município, através dos seus órgãos qualificados, poderia promover campanhas promocionais incentivando a presença dos porto-alegrenses no Mercado Público para compensar a concorrência dos shopping, que, por apresentarem estacionamento, segurança e climatização, concorrem violentamente com o Mercado Público. Essas campanhas poderiam reviver a memória histórica dos antigos freqüentadores, transmitindo para os mais jovens o que é realmente o Mercado. Acredito que estas sugestões poderão enriquecer o trabalho desse Vereador...”, e por aí tal, tal, vai. Armélio Pedro de Pauli, Mercado Público Central, Loja 49.

Sr. Armélio, certamente será aproveitado este material, e eu estarei fazendo uma presença a ele.

Eu disse aqui que “lulei”. “Lulei”, estava torcendo para o Lula, mas acabou a lua-de-mel. Então, eu tenho as primeiras indagações. O Partido dos Trabalhadores, ao longo dos tempos, batia desgraçadamente na tal da CPMF, esse imposto que veio para resolver o problema da saúde, que não se sabe para onde foi e que continua. Pois o PT vai manter a CPMF! O PT falava horrores a respeito do Imposto de Renda, que é uma loucura 27%. Vai manter os 27%! O PT dizia que os Estados Unidos formavam um bloco, que era o demônio do mundo, que era o mal da humanidade, que os Estados Unidos não prestavam, que, se chegasse ao poder, o PT iria, realmente, dar um tratamento diferenciado aos Estados Unidos. Pois, o Lula vai lá - não foi o Bush que veio aqui, ele foi lá -: “Benção, pai.” No dia seguinte, Meirelles, um “tucano”, aposentado de uma organização bancária norte-americana assume. O quê? Vocês sabem o que é: ele vai cuidar da nossa grana. Eu continuo acreditando, eu continuo acreditando, mas, com certeza, aquele ambiente, aquilo que eu estava sentindo no começo de Governo do Lula, já não estou sentindo mais.

Como popstar, o Lula passou no teste, mas o Brasil elegeu um Presidente da sua República, e é isso que nós esperamos dele, com certeza é isso!

Não adianta eu vir aqui para o Plenário e ficar discursando: “Bush e Saddam Hussein não podem fazer o que eles vão fazer, que uma guerra vai...” Claro, uma guerra é um negócio incrível. Então, eu dou uma sugestão: quem sabe a ONU marca um duelo, Bush versus Saddam, só os dois, homem a homem, frente a frente, na mão, na faca, no martelo, na foice, seja lá no diabo que quiserem, mas só os dois. Quem ganhar fica com os louros da vitória, e não tem guerra. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antônio Dib): O Ver. Ervino Besson está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. ERVINO BESSON: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Sr.ªs Vereadoras, temos dez minutos nesta tribuna. Como é bastante tempo, eu quero aproveitar para fazer três registros. O primeiro deles é sobre o translado da Nossa Senhora dos Navegantes, no último domingo, desde a Igreja dos Navegantes até a Igreja do Rosário, do qual participaram este Vereador e o Presidente desta Casa, que abriu oficialmente o evento. Também esteve presente o Ver. Isaac Ainhorn. Eu faço este registro com muita alegria, porque, apesar do intenso calor, milhares de pessoas acompanharam o translado da Santa. Quero destacar toda a equipe da organização: o provedor, Sr. Aldo Besson; o Coordenador do evento, Sr. Juarez, e a equipe de sacerdotes. Foi um dia muito lindo!

No próximo dia 24 terá início a novena que irá até o dia 2 de fevereiro, data da maior festa religiosa de Porto Alegre em termos de público. Na ocasião, a Santa volta para a sua casa, a Igreja Nossa Senhora dos Navegantes. Fica aqui o convite a todos, para que acompanhem a procissão, pois é um momento de fazer uma reflexão sobre a vida e sobre tudo o que acontece durante o ano. Eu tenho certeza de que a nossa Santa, a verdadeira Mãe, ajudará as pessoas, e lá não apenas a religião católica, mas diversas religiões se fazem presentes.

O segundo registro que faço é de que tenho recebido – não só este Vereador, mas outros Vereadores também – várias reclamações sobre o vandalismo que está ocorrendo nos cemitérios, não só da Região Metropolitana, mas em outros Municípios. As pessoas estão roubando flores, destruindo túmulos. É uma barbárie que está crescendo nos cemitérios. É triste a pessoa ter um ente querido enterrado, vai visitá-lo, coloca as fotografias com um material muito bem feito; faz um belo visual para o túmulo e chega lá e está tudo destruído. Isso aconteceu no túmulo dos meus falecidos pai e mãe, que estão enterrados no Município de Portão, onde alguém entrou e destruiu praticamente a maioria dos túmulos que tinham cruzes de metal, de bronze e de prata.

Vejo a matéria do Diário Gaúcho de ontem, registrando esses vandalismos que acontecem nos cemitérios. Temos algumas informações de que a Polícia tem prendido várias pessoas, principalmente menores. O que tem de ser feito é responsabilizar também os pais desses menores, pois esses menores são forçados a fazer isso, pois esse material é entregue a receptadores. Esse pessoal tem de ser castigado duramente, presos, e, além disso, que prestem o trabalho – e que o povo veja isso – de limpeza e pintura dos cemitérios. Tenho certeza de que a imprensa dará ampla divulgação a isso para que outros marginais pelo menos tenham um pouco de receio de entrar num cemitério para fazer o mesmo. A Justiça, a Lei têm de agir com muito rigor.

Portanto, fica aqui esse registro, porque tenho recebido várias reclamações. Parabenizo o Diário Gaúcho que também deve ter recebido “n” reclamações, meu caro Presidente, pois saiu uma ampla matéria a respeito do vandalismo que acontece aqui nos cemitérios do nosso Estado.

O terceiro registro, que quero fazer, é a respeito do Ver. Raul Carrion. Sempre que ele vem a essa tribuna é para criticar de uma forma dura o nosso Governo, que é o governo dos gaúchos e do Estado do Rio Grande do Sul. O nosso Governo assumiu o comando há um mês e alguns dias, com muitos problemas. Agora, o Ver. Raul Carrion pensa que esta tribuna será um palco de grandes debates. Se por um acaso o Fórum não for mais realizado aqui em Porto Alegre, a vítima será o nosso Governo do Estado, pelo que está sendo colocado aqui. Convenhamos, vamos com calma. O que eu observei, quando da visita do Governador a esta Casa, é que em todos os seus pronunciamentos ele apóia o Fórum Social Mundial. Um Governo que assume, como já disse, com um monte de problemas, quando recebe um pedido, ele terá de examinar, ele terá de verificar se há recursos para investir no Fórum Mundial. Ele terá de verificar com a equipe econômica se há condições. Desde o momento em que ele tomou pé da situação, ele nunca foi contrário ao Fórum Social Mundial aqui na Cidade, como ninguém. Porém, não podemos concordar com o Ver. Raul Carrion, com todo o respeito, que estava lá, ontem, representando a Casa; nós estivemos lá, também, nós ouvimos o pronunciamento. Ninguém é contra o Fórum Social Mundial aqui em Porto Alegre. Não temos dúvida que para alguns Vereadores existirá uma vítima aqui: Germano Rigotto. Temos de ter coerência aqui com as nossas colocações e responsabilidade com aquilo que nós colocamos aqui para a opinião pública.

Portanto, fica aqui este registro: eu acho que o Fórum está acontecendo de uma forma, pelo menos no que nós temos participado até hoje, que traz, não temos dúvida, muito conhecimento, conforme o depoimento da Ver.ª Maria Celeste. Esse tipo de informação tem de ser trazida nesta tribuna, porque principalmente quem nos assiste pela TV Câmara deve ter conhecimento do assunto. Agora, não é criticando as pessoas, principalmente o Governo do Estado, que a gente vai tirar belos proveitos. Eu entendo que o caminho não é por aí. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Elói Guimarães está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, esta Casa, pela sua natureza de órgão político por excelência, é reflexo das questões da sociedade, pois detém grande sensibilidade com os mais diferentes assuntos da sociedade e tem o seu papel constitucional e institucional. É da sua obrigação política a análise e o debate em torno das questões que estão na ordem do dia da Cidade, do Estado e do mundo. Essa é a visão que eu sempre fiz e faço do papel da Câmara.

Realiza-se em Porto Alegre, no nosso Estado, o Fórum Social. Nós já tivemos a oportunidade, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, de manifestar as nossas opiniões acerca da matéria, não de agora, anteriormente também, mas alguns pontos devem ser colocados a bem da verdade e da justiça. Eu acho incorreto, insustentável atacar-se o Governador do Estado, que, ao invés de ter dado aquilo que a programação financeira pedia, deu uma grande parte, a programação pedia 2 milhões e 700 mil reais, e o Governador deu 1 milhão e 800 reais. Ao lado disso, colocou todo um aporte logístico de estrutura do Estado, através dos seus serviços, etc. e tal. E, na vez anterior, fazia uma análise da visão não-ortodoxa do atual Governo, em contraponto à visão ortodoxa do Governo que deixou o Estado; o Governador passado.

Então, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu fazia um comparativo com a Ford, Ver. Darci Campani, quanto às posturas diferentes frente às questões, todas importantes: o Fórum e a Ford – que deveria se localizar aqui. Esse subjetivismo de se dizer: “O meu assunto é mais importante”, a sociedade está repugnando! A sociedade não aceita mais imposições; a sociedade quer a diversidade! A democracia é o direito de entender dessa ou daquela forma.

E eu fazia um paralelo e dizia: imaginem se o Fórum Social fosse criação de outro grupo político ou de outro governante, como seria tratado?

Então, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, a bem da verdade, eu dizia, quando se inaugurava aqui a TV Câmara, que a Câmara Municipal se contará até a difusão dos debates, mesmo restritos, e a partir da difusão desses. Então, hoje, tudo o que nós dissemos aqui, tudo o que nós vamos dizer, o nosso ponto de vista, uma parcela da opinião pública toma conhecimento e, a partir daí, passa a fazer as suas análises e os seus juízos.

Então, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu entendo que não é de justiça – na minha opinião – fazer-se ataque ao Governador, que tem prestigiado o Fórum, nem poderia ser diferente, pois ele fez aportar 1 milhão e 800 mil reais, mais uma infra-estrutura, Ver. Ervino Besson, de serviços naturais.

O Fórum Social, do ponto de vista econômico, eu entendo que é um investimento. O Estado, a Prefeitura e outras instituições que aportam recursos ao Fórum Social não estão tendo despesas, vejam, estão fazendo um investimento, porque esse investimento, em face da leva de pessoas, evidentemente, faz com que a roda do mercado ande, haja consumo. É a hotelaria, são os serviços gerais da Cidade, são compras, etc. Isso retorna em forma de impostos, de taxas, etc. Então, o custo do Fórum é um investimento, não é uma despesa; é um investimento.

Quanto ao aspecto, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, da visão, o debate, eu penso que, na medida em que ele vai andando, vai-se abrindo para que uma diversidade de pensamentos sejam colocados. Então, não se pode atacar o Fórum: “Oh, despesas!” Não é despesa, é investimento! E o Governador do Estado – e eu insisto, por uma questão de justiça - teve um papel, na minha opinião, altamente não-ortodoxo.

E eu volto a frisar, até que me provem o contrário, que se o Fórum Social fosse criação do Governo que foi sucedido, a exemplo da Ford, teria sido mandado embora. A Ford também era um grande investimento, e eu não me canso de dizer e a sociedade também não se cansa de dizer que se perdeu uma riqueza fantástica para o Estado. Mas o novo Governante vem com uma visão diversificada, não-ortodoxa, porque não há mais espaços para ortodoxia. Essa visão única do pensamento sem retorno, sem uma via que vai e outra que vem, está sendo jogada no lixo da história.

E aqui ouvi na tribuna, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, uma manifestação do Ver. Raul Carrion sobre a questão dos Estados Unidos. Evidentemente que todos somos a favor da paz. Ninguém tem o monopólio de determinadas verdades. Todos somos a favor da paz. Essa história do Iraque, por exemplo, nós não queremos a guerra, ninguém quer a guerra. Agora, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, a compreensão inteligente, contemporânea, não pode deixar louco se armar. Vejam o que estou dizendo aqui: está aí o que tivemos com o Afeganistão. Muito bem, os Estados Unidos estão armados, mas eles são vítimas! Que história é essa aí? Os Estados Unidos armados, vítimas; estão aí as Torres. Afinal, quem é que tombou, não foram as duas Torres? Evidentemente que foram as duas Torres! Então esse que se arma é, de repente, profundamente agredido, a nação é agredida.

E essa história da Venezuela que o Ver. Raul Carrion colocou, pois bem, o Hugo Chávez esteve aí pedindo ao Presidente Lula que incluísse Cuba, a União Soviética, a França nos Amigos da Venezuela. Eu acho e quero dar aqui o meu depoimento, o Presidente agiu acertadamente, não incluiu – não incluiu, não incluiu – porque sabe, tem informações e informações de Estado. Então, não passa por isso de jogar, Ver. Raul Carrion, eu gostaria de fazer um debate com V. Ex.ª, continuar debatendo com V. Ex.ª.

 

O Sr. Raul Carrion: V. Ex.ª permite um aparte?

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Não posso dar, porque o meu tempo passou. Mas eu gostaria de continuar debatendo com V. Ex.ª porque nós temos que nos ajustar...

 

O Sr. Raul Carrion: Eu só lhe faço uma pergunta: Existe louco armado maior do que os Estados Unidos? Agride a Coréia, agride o Iraque, agride o Afeganistão...

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Nós vamos continuar este debate, porque ele está mal conduzido por V. Ex.ª. Está mal conduzido. Nós não podemos, e está aí o Afeganistão. Afinal, os Estados Unidos se armam, se armam e se armam, é uma nação armada, mas é ele que tomba, é ele que é agredido? Que história é essa? Mas nós vamos continuar este debate.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): A Ver.ª Clênia Maranhão está com a palavra em Comunicações.

 

A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Sr. Presidente, Sr.ª Vereadora e Srs. Vereadores. Acho que o debate que se estabelece, nesta Casa, no dia de hoje, não poderia ser diferente. Até agora as intervenções se pautam por um debate da questão internacional, porque estamos vivendo em Porto Alegre um acontecimento mundial, onde as grandes questões internacionais ocupam o Fórum Mundial através de suas oficinas, de seus painéis, e Porto Alegre se transformará, no ato de abertura pela paz, no cenário de atração mundial. Nós, os porto-alegrenses, temos que comemorar isso como uma grande conquista da nossa sociedade, da sociedade brasileira, que é uma sociedade marcada pela diversidade, apesar da miséria; que é marcada pela tolerância, apesar do intolerância vigente em muitos governos que se sucederam nesses quinhentos anos de colonização européia brasileira.

Mas acredito que o debate sobre a questão da paz mundial não pode ser feito no dia de hoje sem levarmos em consideração o que aconteceu nos três últimos dias dessa semana. Em todos os lugares do mundo, os países viram os seus cidadãos irem para as ruas, unificados em uma só palavra: paz. Fiquei muito impressionada, acompanhando a mídia internacional, vendo como ainda dentro do Brasil a cobertura dos fatos internacionais é muito restrita. Mas acompanhando os canais de televisão de outros países que cobriram com mais intensidade os últimos dias, acho que nos colocam com uma perspectiva de esperança. Todas as grandes cidades da Europa foram ocupadas pelas pessoas em protesto contra a política belicista, expansionista e militarista do Presidente dos Estados Unidos, George Bush. Mas o que nos deu mais esperança foi a manifestação do povo americano, a manifestação das entidades das mulheres, das entidades da paz, dos partidos políticos, dos cidadãos comuns que ocuparam as ruas de Nova Iorque, as ruas de Washington, as ruas de Boston e de inúmeras outras cidades americanas exigindo que a questão do Oriente Médio, a questão do Iraque, a questão das disputas políticas deste momento fossem encaminhadas para uma negociação. Evidentemente isso se coloca em contradição a um governo que não representa o sentimento do povo dos Estados Unidos. O povo dos Estados Unidos não tem culpa de uma decisão tomada pelo Presidente Bush na defesa dos grandes conglomerados armamentistas americanos e dos grandes conglomerados petrolíferos do Texas, conglomerados, inclusive, de sua propriedade, de propriedade da sua família.

Esse debate da paz tem de ser pontuado de uma forma muito clara, separando de um lado a vontade do povo, a responsabilidade do povo e a responsabilidade dos atos de terrorismo de estado feitos por um governante. Por que eu acho fundamental explicitar essa questão? Porque, no dia de ontem, vimos os cidadãos americanos que foram mortos no Kuwait. Recentemente vimos cidadãos inocentes que foram mortos em atos terroristas na ilha de Bali. O caso do Brasil é uma realidade onde as pessoas convivem, pela formação história e cultural, com uma diversidade étnica muito grande e assim tem de ser o palco de um debate esclarecedor para a humanidade da diferença da vontade de um povo de um país e de uma decisão belicista baseada nos interesses econômicos dos seus governantes.

 

O Sr. Raul Carrion: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento da oradora.) Ver.ª Clênia Maranhão, quero parabenizá-la pelo pronunciamento, somar-me a ele, pronunciei-me no início da Sessão, quero discordar do Ver. Elói Guimarães, porque estamos assistindo, com “Bush II”, a um verdadeiro lunático na presidência dos Estados Unidos, inclusive tomou-se conhecimento na imprensa de um plano de agressão atômica dos Estados Unidos a diversos países. Vejam bem, a maior potência atômica do mundo se nega a fazer um documento dizendo que nunca usará uma arma atômica contra algum país que não tenha armamento nuclear. Então, estamos nas mãos de bandidos, tanto que o nosso embaixador Bustani, na ONU, que era responsável pela comissão de investigação de armas químicas no mundo, foi tirado pelos Estados Unidos, porque teve a ousadia de dizer que todos os países do mundo deveriam ser vistoriados sobre as armas químicas, ou seja, os Estados Unidos se arrogam o direito de ter armas químicas, bacteriológicas, nucleares, ter plano secreto de agressão a outros países que não têm essas armas e não aceitam, ameaçam, por cima do Conselho da ONU, agredir o Iraque, onde até hoje não foi encontrada uma arma química, uma arma atômica e uma arma bacteriológica. O louco armado não é o Iraque, o louco armado é o Governo dos Estados Unidos. Muito obrigado, Vereadora.

 

A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Eu queria dar continuidade ao meu raciocínio nessa discussão da diferenciação do povo e dos seus governos. Todo mundo acompanhou as últimas eleições americanas, as famosas fraudes das eleições americanas de que o mundo tomou conhecimento através da questão da Califórnia. As entidades que acompanham os processos eleitorais, como a Liga das Mulheres Americanas, e outras entidades com as quais eu tive contato, no centro-oeste inclusive dos Estados Unidos, na cidade de De Moins, por exemplo, elas apontam situações muito constrangedoras no processo eleitoral americano. Houve uma cidade dos Estados Unidos, agora não me recordo o nome, por exemplo, em que os negros eram a maioria de uma fila, às 17h, e eram do Partido Democrata. A Mesa, às 17h, fechou a porta para que aquela população, que estava na fila, porque era a maioria do Partido Democrata, não votasse. Foi preciso que um advogado do Partido Democrata entrasse na Justiça para garantir o direito do voto do cidadão que estava lá,desde antes das 15 horas, tentando votar. Isso foi um fato entre muitos outros fatos que comprometem a análise feita pelos representantes do Governo americano contra a lisura do seu processo eleitoral.

O mesmo raciocínio que faço em relação ao Governo americano e ao povo americano, eu explicitei aqui, quando, numa ação de terrorismo de estado, foi bombardeada a Iugoslávia, e eu lembro de um Vereador que disse, naquele momento, que eu estava defendendo aqui o Milosevic. Na verdade, quando defendemos que um país não seja bombardeado, nós estamos defendendo o direito de o povo viver em paz. Se havia contradições entre a política de Milosevic e demais países da Comunidade Econômica Européia, o diálogo deveria ter sido o canal de resolução daqueles conflitos, e não bombardear populações inocentes, bombardear populações que fugiam nos trens, bombardear a sede do Partido Social Democrata da Iugoslávia e outras nações terroristas. Eu penso que a questão da paz não é uma questão ideológica, a discussão da paz é uma questão da discussão dos direitos humanos.

É pena que eu não tenha tempo de discutir também aqui a questão que foi levantada pelo Ver. Elói Guimarães sobre a questão do Afeganistão, que é um dos povos mais injustiçados e sofridos e que ainda hoje continua sendo bombardeado sem ter nada a ver com os seus representantes, que estavam ou que estão lá ainda neste momento. Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Carlos Alberto Garcia está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. CARLOS ALBERTO GARCIA: Prezado Presidente, Ver. João Antonio Dib, Srs. Vereadores e Sr.ªs Vereadoras, já se falou muito aqui sobre o Fórum Mundial. No domingo, tivemos a oportunidade de representar esta Casa no Fórum Mundial de Educação e lá assistimos à palestra do Ministro Cristóvam Buarque. Ele falou sobre três eixos importantes que o Ministério pretende desenvolver: um é sobre a questão do analfabetismo. Falou de maneira clara que, no Brasil, são mais ou menos vinte milhões de analfabetos; que existem, aproximadamente, três milhões de educadores; que precisaria de investimentos de 1 bilhão de reais e isso equivale a 0,03% da receita orçamentária do nosso País. Também falou a respeito da escola ideal, dando uma importância muito grande à questão da escola fundamental. O terceiro eixo é relativo à questão das universidades. Dentro do que está sendo discutido no Fórum Mundial de Educação, nesses dois dias, os veículos de comunicação têm publicado que a escola aberta aos finais de semana reduz a violência. E, hoje, a coluna “Opinião ZH”, do jornal Zero Hora, coloca “Escola Contra a Violência”, e, coincidentemente, na semana passada, nós tivemos oportunidade de ocupar esta tribuna falando sobre um dos assuntos que nós já havíamos comentado com a então empossada Secretária Sofia Cavedon a respeito de uma Emenda nossa, do ano de 1999, que justamente prevê a utilização das escolas aos fins de semana. Este processo está recém-começando, mas nós queremos enfatizar que a própria Secretária pretende implantar o quanto antes. E agora, para a minha grata surpresa, eu fico contente que a UNESCO e o Ministério de Educação querem difundir esta idéia em todo o território nacional. Nós achamos que isso é altamente saudável. Porto Alegre, por intermédio desta Emenda, poderia ter dado o exemplo para o Brasil com uma implantação, infelizmente retardou o processo. Mas ainda está em tempo, e é isto que nós estamos cobrando da Secretária da Educação, Sofia Cavedon, que, tão logo inicie o ano letivo, as escolas municipais possam fazer a implementação deste projeto. Colocamos de maneira clara que este projeto tem de ter uma integração com a comunidade do entorno, mas, ao mesmo tempo, aquelas pessoas que conhecem as escolas municipais sabem que as nossas escolas municipais são escolas muito boas, prédios belíssimos, que há, inclusive, um contraste muito grande com a população do entorno, que, na maioria das suas regiões, são pessoas com casas simples, humildes, e, ao mesmo tempo, em um raio de 500, 600 metros, há uma escola muito grande. Essa escola fica sábado, domingo, feriado totalmente ociosa, e a comunidade não tem nessas localidades um local para a sua atividade de lazer, recreação. O que nós queremos é coisa bem simples, ou seja, uma integração, que essas comunidades, por meio de acordo junto com as direções, possam usufruir desses espaços. Com esses espaços sendo usufruídos pela comunidade, temos a certeza de que esta será a primeira a zelar por eles, porque são espaços que pertencem a ela. Voltamos a repetir, são ginásios de esportes, salas de aula que poderão ser desenvolvidos para aspectos culturais, sociais e até festivos. Por que não fazer uma festa da comunidade dentro da escola? Acho que é um crescimento.

Já que Porto Alegre tem sido vanguarda de tantas coisas, o que queremos é que Porto Alegre implante essa questão que foi uma Emenda que colocamos na Lei de Diretrizes Orçamentárias, no ano de 2000, a qual vou ler novamente. (Lê.) “Acrescenta-se no Inciso VII - Intervenções Urbanas – letra c - áreas de lazer e esporte, do anexo referido no Art. 11, do PLE 009/99, Processo 1837/99, Emenda n.º 49 que diz: ‘utilizar aos finais de semana as dependências esportivas das escolas municipais, especialmente aquelas localizadas na periferia da cidade’.” E nós sabemos que quase a totalidade das escolas municipais são escolas de periferia.

Hoje o jornal Zero Hora, em sua coluna “Opinião ZH”, coloca: (Lê.) “Escola Contra a Violência. Começa a ganhar força a idéia da abertura das escolas públicas nos finais de semana como antídoto para a violência. A experiência, apresentada durante o Fórum Mundial de Educação, já vem sendo desenvolvida com sucesso em pelo menos três Estados brasileiros ao proporcionar espaço e orientação para atividades culturais, esportivas e recreativas. A escola passa efetivamente a pertencer à comunidade, recebendo em troca respeito e proteção. É uma proposta que merece ser considerada.”

Eu gostaria que esta “Opinião” também colocasse que já faz três anos que Porto Alegre teve a oportunidade de implantar esse projeto, não o fez na sua plenitude, mas acho que agora mais do que nunca, com esta veemência que a UNESCO tem colocado e mais a concordância do Ministério da Educação, não temos dúvida de que será implantado. Quem vai ganhar com isso é a população do entorno, uma população tão sofrida. E aqui se fala tanto da questão da inclusão social! Acho que, sim, são projetos simples, que são a adequação do espaço. Este, sim, é um projeto de inclusão social, permitindo que aquela população tão carente possa ter acesso a um ginásio de esportes, o que muitas vezes ela não consegue; se eles vão a um ginásio de esportes é simplesmente para assistir a um evento, e agora eles poderão ser partícipes dos eventos. Ao mesmo tempo, por que não criar oficinas culturais, desenvolvendo teatro, dança, música, nesses locais? A nossa população tem muito a oferecer e o Poder Público simplesmente tem que disponibilizar esses espaços, sentando com a comunidade e trocando idéias. E nós, que defendemos a questão do Orçamento Participativo, queremos, sim, uma participação efetiva da população também na ocupação desses espaços. Porque a participação efetiva se dá desta forma, ou seja, fazendo com que a população possa, realmente, ocupar espaços, sentindo-se dona e, ao mesmo tempo, zelando por isso.

Então nós só queremos fazer uma saudação, mais uma vez, ao fato de que este Fórum Mundial de Educação está trazendo – parece –, como novidade, algo que Porto Alegre já poderia ter feito aproximadamente há três anos. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Zé Valdir está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. ZÉ VALDIR: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu vou começar com um assunto da questão da guerra. Eu também concordo com a análise que fez a Ver.ª Clênia Maranhão no sentido de que a política do Presidente Bush é uma política extremamente belicista. Esta coisa de repetir - aliás o Bush tacha o Saddam Hussein de louco - é muito conhecida na história da humanidade. Se nós enfocarmos o Império Romano, Espártaco, líder das revoluções de escravos, Jesus Cristo foram chamados de loucos, de subversivos. Se nós enfocarmos fatos mais recentes, na Idade Moderna, líderes como San Martín, Bolívar, Tiradentes - no Brasil - foram tachados de loucos, subversivos, por Portugal e Espanha, que eram as potências, as metrópoles dessas colônias. E, mais recentemente ainda, Ho Chi Minh e o próprio Fidel são considerados pelos Estados Unidos como loucos. O nosso João Goulart foi considerado louco e subversivo. Então, pelo lado dos poderosos, sempre que algum governante tenta afirmar a liberdade e a soberania do seu povo é tachado pelos impérios como sendo louco, desqualificado, para, com isso, ganharem a opinião pública.

O que estamos vendo, hoje, é que a opinião pública, inclusive dentro dos Estados Unidos, felizmente não está entrando nesse barco.

Quanto à questão do terrorismo, é muito interessante; os Estados Unidos - que fazem o maior terrorismo, claro que num contexto de guerra -, no final de uma guerra, lançaram duas bombas atômicas, destruíram duas cidades japonesas, e ninguém fala nisso. Isso não é terrorismo?! Destruíram, literalmente, duas cidades inteiras com bombas atômicas.

Os Estados Unidos avançaram sobre as terras dos mexicanos - forjaram uma guerra e ganharam quatro estados para os Estados Unidos. Essas terras até hoje mantêm boa parte da cultura mexicana; Califórnia, Novo México, Texas e Arizona foram roubados dos mexicanos.

Os Estados Unidos, como já foi dito aqui, mantêm os maiores arsenais de armas química e atômicas. Eu não sei o que é pior, se é a proliferação das armas nucleares ou é permitir que um único país no mundo tenha arsenais que pode usar contra o mundo inteiro - armas químicas e nucleares, como é o caso dos Estados Unidos.

Então, quanto a essa história, a essas justificativas, a humanidade tem que pensar muito bem sobre elas. Penso que não devem vir aqui, na tribuna, repetir chavões, repetir slogans que nada mais são do que slogans do império americano e desse louco que é o Bush. Esse sim é louco - considerado pelo próprio povo, como mostra a pesquisa, o povo lá dos Estados Unidos.

Os Estados Unidos não têm nada a ensinar para o mundo, nem em matéria de democracia; vide o fiasco que foram as eleições americanas.

São exatamente esses temas – e aí entro na segunda parte do meu pronunciamento - que são tratados no Fórum Social Mundial.

Eu acho que vou descartar essa coisa rebaixada de virem aqui dizer que “tomaram cachaça ali no acampamento”, até porque esse setor sensacionalista da imprensa, por exemplo, não dá a mínima importância para o fato de que, em Davos, eles tomem uísque escocês e vinho francês, e isso não é nenhum problema para a humanidade, não é nenhum mau exemplo. Os mesmos jornalistas sensacionalistas do Ver. Haroldo de Souza não falaram nada sobre isso.

Então, isso eu vou descartar porque é rebaixar. Eu acho que a questão que temos que discutir é por que existe o Fórum, que por muito tempo esta Casa não compreendeu, a ponto de negar uma homenagem ao fundador desse Fórum, o jornalista francês Bernard Cassen. Esta própria Casa não compreendeu. Desde a década 80 nós temos o mundo sob o império do pensamento único. Nós vivemos, na última década, a imposição, a tentativa de impor sobre a humanidade o pensamento único, a globalização, e, com esse conceito de globalização, tentaram impedir toda e qualquer manifestação da diversidade de pensamento, da soberania das culturas dos povos, impondo, de cima para baixo, um único pensamento e uma única cultura e, quem sabe, um único padrão de consumo para a humanidade, padronizando a humanidade, matando a soberania, matando a cultura e vendendo isso como modernidade, e tudo isso se articulava, entre outros espaços, por intermédio do Fórum de Davos. Quando se criou o Fórum Social Mundial, foi exatamente para se fazer uma contraposição a este pensamento único e dizer para o mundo que um outro tipo de posição, que um outro mundo é possível além daquele pensado pelos “donos do mundo”. E que outro mundo é esse?

O Fórum Social Mundial – me parece - afirma três coisas importantes. Em primeiro lugar, a multiplicidade, a diversidade. Não como foi dito aqui nesta Casa, e por setores da imprensa que agora estão mudando, diante da evidência dos fatos. E o próprio Governador entrou nessa conversa, e os próprios partidos que apóiam o Governador argumentaram, inclusive, aqui nesta Casa - representados até explicitamente no fato que eu referi aqui –, sobre a negativa da homenagem ao fundador do Fórum Social Mundial. Mas o que caracteriza o Fórum é a multiplicidade, esta multiplicidade não apenas ideológica, cultural, mas também existente no temário, porque são vários temas que são tratados no Fórum, e quem não vai ao Fórum e vem aqui se gabar que não foi ao Fórum está dando um atestado de ignorância, porque está perdendo um espaço importante para se informar. Para fazer homenagem ao isolamento, homenagem à ignorância, eu acho que não se deve vir aqui nesta tribuna. “Ah, eu não vou ao Fórum”, como se fosse uma grande coisa não ir ao Fórum! Está perdendo! E a cidade de Porto Alegre está perdendo também de qualificar mais um Vereador se esse não for ao Fórum. Há que ir ao Fórum; o Fórum é diversificado.

Em segundo lugar, o compromisso com a defesa da paz, inclusive contra a guerra fiscal, que atormenta a humanidade. O compromisso com a defesa da paz.

Outro aspecto: a valorização da participação. E é por isso que o Fórum, desde o início, está em Porto Alegre! Porque aquilo que alguns não percebem... Por isso é importante irmos ao Fórum para ver como, de fora, eles percebem coisas importantes que estão acontecendo nesta Cidade. Não é pouca coisa! Nós temos instituído um processo participativo em Porto Alegre, não estou me referindo apenas ao Orçamento, mas a todos os Conselhos, alguns inclusive com a colaboração desta Casa. Realmente, em Porto Alegre, nós temos uma experiência de democratização que o mundo inteiro viu e por isso colocou o Fórum em Porto Alegre! Isso não é por acaso! Porque este é o exemplo que agora, inclusive, o Brasil está dando para o mundo, quando elege - coisa que poucos fizeram, nem os Estados Unidos com um Presidente lenhador, porque, quando aquele foi eleito, já era um advogado; o Brasil é uma das poucas experiências do mundo nesse sentido - um operário para a Presidência da República; e diziam que era um incompetente, mas ele está dando mostra que sabe muito bem, sim senhor, governar, sabe muito bem fazer os contatos políticos. O mundo inteiro reconhece aquilo que alguns aqui insistem em não reconhecer. Então este é um dos fatores importantes: a valorização da participação popular. Aí tem Bové, tem o Presidente Fidel, tem todas as experiências diversificadas, ideologicamente, culturalmente representadas no Fórum; o Fórum é anti-Davos, é “anti” à coisa única, é “anti” ao pensamento único, pelo contrário, ele prima pela diversidade, essa é a grande força do Fórum, que hoje inclusive se amplia com outros fóruns paralelos, como o Fórum de Educação, o Fórum de Autoridades Locais, o Fórum de Juízes. É um espaço para nós, hoje, socializarmos o mais elevado conhecimento que a humanidade está produzindo na nossa época, seja em termos de conhecimento da realidade, seja em termos de propostas de como avançar, de como resolver os problemas atuais que nós temos no mundo. Quer dizer, é um espaço de debate importantíssimo para toda e qualquer pessoa, para qualquer cidadão que queira estar informado, concatenado com a sua época e com o seu tempo, muito mais, então, para Vereadores de uma cidade onde o Fórum se realiza. Por isso quero dizer que lamento que alguns Vereadores venham aqui fazer um elogio à ignorância e ao isolamento, dizendo: “Eu não fui ao Fórum”, como se isso fosse uma grande coisa, como se a cidade de Porto Alegre devesse lhes agradecer porque eles não têm ido ao Fórum, quando a cidade de Porto Alegre está, a esta altura, lamentando que alguns Vereadores, num momento em que a Cidade sedia o evento mais importante do mundo, estejam ausentes desse espaço.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Raul Carrion está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. RAUL CARRION: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Sr.ªs Vereadoras, falava o Ver. Zé Valdir do elogio à ignorância. Temos até o Elogio da Loucura, uma obra clássica de Erasmo de Rotterdam, e também, de certa forma, ao elogiar Bush, creio que está-se fazendo elogio da loucura.

Eu queria, no dia de hoje, tendo em vista que amanhã estaremos representando esta Casa no Fórum Parlamentar Mundial, que abre hoje às 14h, para o qual todos os Vereadores estão convidados, homenagear os aposentados, que comemoram no dia 24 de Janeiro o Dia Nacional do Aposentado. Queremos trazer aqui a nossa congratulação, o nosso apoio e a nossa solidariedade, porque hoje os aposentados no Brasil continuam vivendo uma situação terrível. Tenho em mãos o jornal A Voz dos Aposentados, da Federação dos Trabalhadores Aposentados e Pensionistas do Estado do Rio Grande do Sul, FETAPERGS, que traz as perdas acumuladas até hoje de 58,85% das suas pensões. Perdas que vêm-se acumulando com o malfadado projeto neoliberal que dominou este País até 31 de dezembro. Só em decorrência do Plano Real, os reajustes abaixo dos índices de inflação levaram à perda dos benefícios em até 40%. Depois, continuaram os reajustes inferiores, chegando a uma perda de 59%.

É importante dizer que, quando se fala na falência da previdência pública no Brasil, essa falência não se deveu à falta de contribuição dos trabalhadores. O que ocorre é que em todo o sistema previdenciário os trabalhadores começam contribuindo durante os primeiros trinta anos e não havia dispêndio para a aposentadoria. Esse dinheiro que foi sendo acumulado das contribuições teria de ter sido aplicado em fundos, Ver. Zé Valdir, que hoje estariam rendendo frutos. O que aconteceu é que o Poder Público todos esses anos usou o dinheiro da contribuição dos aposentados para aplicar no caixa comum, para aplicar na construção de Brasília, para aplicar na construção dos prédios públicos, nos gastos descontrolados. Então, os que hoje estão-se aposentando evidentemente que não podem ter seus proventos pagos pelos que hoje contribuem; os que hoje contribuem estariam contribuindo para aposentar-se daqui a trinta anos. E aí é feito o seguinte jogo: o que entra hoje não paga as saídas de hoje, mas a Previdência não funciona com essa contabilidade; a Previdência tem de funcionar com a contabilidade das contribuições dos trinta anos anteriores, que eram capazes de garantir uma aposentaria justa.

Claro que teremos aqueles que dirão assim: “Não, mas então cabe ao Governo Lula resolver.” Ou seja, querem que o Governo Lula, que assumiu hoje, resolva as falcatruas, o descaso, o uso indevido do dinheiro dos aposentados de trinta, quarenta, cinqüenta, oitenta anos. É evidente que o novo Governo que assume terá que ter uma nova lógica para enfrentar o problema, mas não é algo que a quinze, vinte dias de ter assumido possa resolver.

Por isso, vemos a dimensão dos problemas que o novo Governo do Brasil tem de enfrentar, porque ele tem de enfrentar os problemas acumulados de décadas e não faltarão os oportunistas e os oposicionistas que agora quererão cobrar do novo Governo o que os seus governos fizeram durante décadas, mas o povo brasileiro tem suficiente consciência acumulada para não cair nessa armadilha, mas, de toda a forma, é preciso dizer que, às vésperas do Dia do Aposentado, há uma grave dívida com os aposentados deste País, dívida que chega, hoje, aos 59%. Para isso também teremos de trabalhar uma velha reivindicação dos aposentados, dos trabalhadores da ativa, de todos aqueles que querem superar os problemas do nosso País, com o sistema “quatripartite” para administrar a Previdência Pública, onde estejam representados os trabalhadores, que são os aposentados de amanhã; estejam representados os empregadores, e o Governo. Portanto, é uma grave tarefa que temos pela frente.

Temos a questão dessa discussão que se abre no Brasil da reforma previdenciária, e nós queremos deixar clara a nossa posição no sentido da garantia dos direitos dos aposentados, dos trabalhadores, buscando as formas para encontrar a médio prazo a solução definitiva, porque esse dinheiro que não foi guardado, não tem como buscá-lo mais. Então, caberá às gerações futuras pagarem uma dívida histórica que as administrações anteriores deixaram para os nossos aposentados.

Parabéns, aposentados brasileiros. Parabéns, aposentados gaúchos; parabéns aposentados porto-alegrenses. Que esse dia seja um dia de reflexão e de luta para juntos transformarmos o Brasil. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Sebastião Melo está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. SEBASTIÃO MELO: Sr. Presidente, Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores, a cidade de Porto Alegre vive mais um momento importante, que é a realização do Fórum Social Mundial, que é um evento de magnitude e que traz à tona temas que dizem respeito ao mundo inteiro. Afinal de contas, a exclusão social não é exclusiva no nosso País e nem da América Latina apenas, mas ela é mundial. A concentração de renda cresceu, ao longo do tempo, geometricamente e, cada vez mais, menos pessoas têm mais e a maioria tem menos. Portanto, para construir uma relação de distribuição de renda, de dignidade humana, toda vez que se reúnem, Ver. Reginaldo Pujol, em qualquer localidade do Planeta, para discutir essas questões, elas têm de ser, evidentemente, reverenciadas.

Eu acho que o Fórum tem aspectos econômicos, porque, sem dúvida nenhuma, trazer cem mil pessoas para Porto Alegre significa aquecer a economia, mesmo sabendo que essa economia, às vezes, é aquecida pelo próprio dinheiro brasileiro, porque a maioria desses convidados, na verdade, vêm com as suas diárias pagas, com os restaurantes pagos. Mas isso, de qualquer forma, seja uma porta do Governo do Estado, da Prefeitura, ou até de outros patrocinadores, aportam para o comércio, mas, na verdade, não é bem um dinheiro estrangeiro, Sr. Presidente, que entra. Por quê? Porque o evento é patrocinado, na sua grande maioria, pelo mercado interno. Por outro lado, Porto Alegre, a cidade de todos nós, que nós amamos, quando ela sedia um evento dessa envergadura, vai para um patamar da mundialidade, colocando no epicentro do mundo a nossa querida cidade de Porto Alegre.

Acho que o Fórum peca em algumas questões. No ano passado, por exemplo, Ver. Reginaldo Pujol, o Presidente desta Casa não pôde falar no Fórum. Isso não está correto, porque a divergência de idéias contribui para avançarmos, e esse é um aspecto que o Fórum tem que melhorar, porque, evidentemente, o capitalismo fez enormes males à humanidade, mas também a Cortina de Ferro fez enormes males à humanidade. Disso o Fórum não trata, isso está errado. Eu acho que devemos avaliar com profundidade as mazelas do capitalismo sem fronteiras. Mas eu não posso ter a cegueira, Ver. Elói Guimarães, de não avaliar as atrocidades que o outro lado também cometeu.

Então, eu vejo uma figura acima, Dalai Lama, expurgado pelo regime chinês, e que, em toda a sua trajetória, sua caminhada, não se fala absolutamente nada do regime chinês! Isso, na minha avaliação, está errado.

Segunda questão: eu quero dizer – eu não sei se outros colegas aqui disseram – que nós sempre achamos que o chefe da Nação tem que ir em todos os encontros do mundo para discutir, sejam aqueles dominados pelo capitalismo ou não. Mas a contradição não é nossa do Presidente Lula ir a Davos; a contradição é da base de sustentação do Presidente Lula, que sempre condenou esse organismo, dizendo que ele não era legítimo para discutir nada. Então, se ele não é legítimo, quando eu vou nele, o estou legitimando! Essa é a questão! Eu acho que tem que ir lá, levar a posição do País, sim! É chefe da Nação, não é chefe de um partido político que está no Governo! Mas quem criou essa celeuma de dizer que o Fórum de Davos é ilegítimo, é “reunião do diabo” não fui eu. E eu quero dizer que me somo a todas as críticas feitas pelo PT, mas quem criou esse clima para não ir não fomos nós. E, agora, o Lula vai lá!

Então, essa é uma questão sobre a qual eu não estou apenas dizendo da minha posição, estou trazendo à tona contradições; porque o discurso é um, mas a prática é outra. E, aliás, já vou-lhe conceder aparte, Ver. Raul Carrion, eu não vou cobrar do Governo, em vinte dias, como não quero que V. Ex.ª, com certeza, vá cobrar do Governador Rigotto em vinte dias! Mas é o seguinte: o povo brasileiro está cheio de esperança, mas quem está aplaudindo, hoje, em Paris, deve estar tomando champagne da melhor qualidade é o Fernando Henrique! Porque essa política econômica, hoje, nesses vinte dias... Que saudade do Fernando Henrique, do ponto de vista monetarista!

Então, queremos mudança, sim, e não vamos cobrá-la agora. Mas até este momento as mudanças não foram sinalizadas. Elas não poderiam ter acontecido. Mas quem coloca um banqueiro para dirigir o Banco Central, quem coloca um empresário para dirigir o Desenvolvimento, quem coloca o eixo do Governo representando a FIESP, então, por favor, já escolheu o lado que vai governar!

 

O Sr. Raul Carrion: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Primeiro, Vereador, eu queria dizer que V. Ex.ª sempre participa do Fórum Social Mundial, o que é importante, ainda que tenha, no meu entender, alguma incompreensão sobre o Fórum. O Fórum Social Mundial é o mais plural que pode existir. Primeiro, ele tem uma programação, digamos, oficial, e ele abre a possibilidade de qualquer entidade, qualquer ONG, qualquer organização poder-se manifestar. Por exemplo, a Câmara pode criar um seminário dentro do Fórum, pode criar oficinas. Então, todos podem-se manifestar. Nós organizamos esse Seminário aqui, onde certamente V. Ex.ª estará presente, totalmente independente do Fórum. Simplesmente comunicamos os palestrantes, comunicamos os temas e ele entrará na programação. O discurso de que o Fórum não é plural não procede.

Segunda questão, com relação ao Fórum de Davos e o Fórum Social Mundial, nós achamos correta a posição de Lula. Lula representa o Fórum Social Mundial de Porto Alegre, mas ele vai como Chefe de Estado ao Fórum de Davos. E houve inclusive diálogo entre os dois Fóruns. O que nós sempre dissemos é que no Fórum de Davos está concentrada a maior quantidade de capital financeiro, de capital dos grandes monopólios por centímetro quadrado. E lá Lula será a voz dos oprimidos, a voz dos explorados, a voz dos famintos.

E para concluir, Vereador, o que nós estamos vendo no Brasil é uma grande mudança. Agora, alguns estão torcendo para que o Presidente Lula desconheça a dominação do imperialismo norte-americano do capital financeiro e atropele os fatos. Lula e as forças de esquerda deste País prosseguirão na transformação do Brasil, que jogará um papel na transformação do mundo, mas com consciência, com habilidade e derrotando, uma a uma, as tentativas do grande capital financeiro internacional. Muito obrigado.

 

O SR. SEBASTIÃO MELO: Esperamos mudanças. Mas por enquanto o Presidente está comendo galeto com os trabalhadores e governando com a FIERGS. Por enquanto, tem sido isso nos últimos vinte dias; pode ser que mude daqui para a frente, mas por enquanto tem sido isso.

Também quero dizer, porque o Ver. Raul Carrion aqui cobrou a participação do Governo do Estado, que o Governador Germano Rigotto tem feito um esforço no nosso Governo, até porque nós somos daqueles que achamos que em um período de transição aquilo que foi assumido pelo Governo anterior tem de ser avaliado com critério, tirando fora a disputa eleitoral.

Havia 2 milhões e 700 mil reais lançados para o Fórum, sem nenhuma rubrica, diga-se de passagem, de onde sairia o dinheiro - e essa é a minha grande discussão tanto aqui em nível local como lá em nível estadual -, mas o Governo, Ver. Elói Guimarães, aportou 1 milhão e 800 mil reais para o Fórum Social. E o Governador Germano Rigotto, ontem, inclusive na abertura do Fórum das Autoridades Locais, fez questão, Presidente, de sublinhar que, se depender do Governo do Estado, o Governo fará um esforço e está fazendo um esforço para manter esse Fórum aqui no Rio Grande do Sul e aqui em Porto Alegre.

Então, por favor, “vamos devagar com o andor, porque o santo é de barro”. Qual seja? As afirmações do Ver. Raul Carrion são improcedentes, extremamente improcedentes; não se sustentam, ficam na falácia.

Mas eu sei, eu conheço - eu venho de longe, da velha luta emedebista - aqueles que agora não estão conseguindo explicar o Presidente Meirelles, do Banco Central, o Ministro dos Transportes, que parece que já tem problemas e outras coisas mais, que sempre falavam do capitalismo.

Mas quero dizer que o Fernando Henrique está muito contente, Ver. Reginaldo Pujol. Aliás, fiquei sabendo disso ontem, um interlocutor me disse que ele está numa felicidade, porque estão num avanço no monetarismo da política “fernandista” fantástica, fantástica! Aliás, eu acho que o Lula tem ligado para o Fernando Henrique todos os dias para dizer: “Presidente, como é que eu faço os juros aqui? Deixo assim? Faço lá? Como é que eu contato com o banqueiro tal?”  “Tudo dantes como no quartel do Abrantes” até o momento, mas as mudanças virão, se Deus quiser. Muito obrigado, Presidente.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, a ninguém surpreende o fato de que o Fórum Social seja o tema predominante hoje, nesta Reunião da Comissão Representativa, e nem poderia ser diferente, com tantos eventos sendo realizados em Porto Alegre: o Fórum da Educação; o Fórum da Magistratura; o Fórum das Autoridades Locais, algumas atividades paralelas. O Ver. Raul Carrion acaba de nos convidar para outras atividades, entre tantas, “O Novo Brasil no Contexto Mundial”, que o seu segmento ideológico proporciona.

Enfim, Ver.ª Clênia Maranhão, não há falta de assunto para que deixe de ser enfocado o nosso Fórum Social, planejado com bastante antecedência, e que mereceu, inclusive, atenções específicas da municipalidade, que hoje é a sua grande gestora, apesar do substancial apoio obtido do Governo do Estado e agora também do Governo da União.

Tamanha tem sido a preocupação do Município, que até mesmo um ônibus especial acaba de ser inaugurado para mostrar a Cidade aos visitantes que aqui estão em número discutível, mas indiscutivelmente em grande número; até porque se observa nas cercanias da Câmara a presença de pessoas acampadas nos acampamentos para esse fim montados, numa demonstração inquestionável de que sob esse aspecto o Fórum, sem dúvida nenhuma, alcança seus objetivos. Com relação a esse ônibus especial, há que se ter o cuidado de verificar, depois, quem adquiriu esse ônibus, com que recursos, se isso vai para o custo da empresa que o adquiriu e se, ao final, como tudo ocorre nesta Cidade em matéria de transporte, se ele também não será transferido para o custo da passagem, como ocorre com todas as outras inovações que surgem no transporte coletivo de Porto Alegre. Acho que esse ônibus está inteligentemente circulando na Cidade de Porto Alegre, Ver.ª Clênia Maranhão. O trajeto estabelecido é extraordinariamente bem planejado. Evidentemente que ele não desce a Av. Borges de Medeiros, para que não haja a necessidade de se explicar o Cine Capitólio - desde 1991 afetado, transformado em patrimônio cultural da Cidade e entregue às ratazanas, com risco de, a qualquer momento, desabar, pondo em risco a vida de tantos quantos passam ou ainda conseguem passar pela sua calçada absolutamente aniquilada pela ausência de conservação.

 

O Sr. Sebastião Melo: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Muito obrigado, Ver. Reginaldo Pujol. Gostaria que, na amplitude do Governo Municipal, fosse feito um programa alternativo, começando na Vila Dique, na Nazaré, depois indo para a Ilha da Pintada, nos papeleiros; depois passando no Campo da Tuca, subindo na São José, voltando um pouco e passando pelas praias que agora foram liberadas, apesar de terem dito há duas semanas que não iriam liberá-las. Que passasse também no Arroio Belém Novo, do lado da captação, pois mostram só as praias do Veludo e Leblon, porque, ao lado da captação da água, o Arroio Belém Novo está caindo a céu aberto no Rio Guaíba; e também ir na estação de tratamento, que é a última visita do oficialismo.

Fica aqui a sugestão, quem sabe o Governo possa estender para outras localidades, talvez o Mato Sampaio, naquele terreno da ULBRA, onde há um lixão a céu aberto onde moram algumas crianças. Talvez o Governo possa mostrar para o mundo também que essa é a Porto Alegre real, que não é só a Porto Alegre do bairro Moinhos de Vento, da Av. Guaíba e do acampamento do Parque Maurício Sirotsky Sobrinho.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Evidentemente o seu aparte está registrado nos Anais e deve ser encaminhado a quem planeja a circulação desse ônibus, que, eu repito, é muito inteligente no seu planejamento, porque, além de não descer a Av. Borges de Medeiros, além de não mostrar o Cine Capitólio, com todas as suas mazelas, não vai até o Hipódromo do Cristal, porque, certamente, os visitantes que vieram aqui há alguns anos iriam perguntar: “Onde está o shopping que seria construído aqui?” Ele era contraponto, inclusive, das grandes obras da Ford e da GM, e foi decantado como investimento de 200 milhões de dólares que ocorreria em Porto Alegre, independente de qualquer incentivo oficial. Nós, aqui da Câmara, votamos a toque de caixa um regime especial de urbanismo, porque ali sairia um shopping, e nós todos concordamos que teria de sair um shopping. Onde é que está o shopping? Também ficou de lado a 3.ª Perimetral. O Ônibus não anda pela 3.ª Perimetral, não sei se é para não confessar que essa grande obra é feita com o dinheiro do capitalismo internacional, com o dinheiro do Banco Internacional do Desenvolvimento, com a aprovação do Fundo Monetário Internacional ou se é para não explicar o atraso lamentável da rótula da Carlos Gomes, que já deveria estar entregue há mais de um ano; ou se é para não explicar a situação inexplicável do Viaduto da Nilo Peçanha. Hoje já se fala, inclusive, mais uma vez, em descontratar a empresa contratada, que teve o seu projeto alterado, que já deveria ter entregue aquela obra há um ano e que não o fez porque, com a alteração do projeto, mudou-se todo o organograma, e que agora está enfrentando outro tipo de dificuldade. Não sei também se é para que não se mostre aquela situação da Avenida Aparício Borges, onde parece que nem as desapropriações das áreas foram concluídas.

Enfim, é muito inteligente e bem planejado o roteiro desse ônibus. Ele não mostra aquela obra inacabada do triângulo da Avenida Assis Brasil, da estação de transbordo; não mostra o distrito industrial da Restinga, porque não teria nenhuma indústria para mostrar; não mostra a Juca Batista, a interminável Juca Batista, já com mais de um ano de atraso; não mostra, no Porto Seco, o “sambódromo”, que, com doze anos de anúncio, já deveria estar, pelo menos, preparando-se para ser o palco dos acontecimentos carnavalescos, que serão novamente aqui na Av. Augusto de Carvalho, onde, Vereador-Presidente, na sua opinião e na minha, deveriam estar acontecendo normalmente. Quero saudar a inteligência da nossa Administração Municipal, que coordenou e planejou um ônibus especial para mostrar a Porto Alegre que quer ser mostrada, quer ser divulgada perante os seus visitantes. Isso não obsta, no entanto, Presidente João Antonio Dib, que esta Casa, dentro do amplo objetivo do Fórum Mundial, faça, quem sabe em julho, Ver. Elói Guimarães, um fórum municipal, um fórum em que a Cidade de Porto Alegre vá dizer das suas mazelas, um fórum em que a Cidade de Porto Alegre vá dizer das suas reivindicações, um fórum em que a comunidade porto-alegrense vá dizer das suas expectativas frustradas, um fórum em que o povo de Porto Alegre terá vez, voto e direito de falar, e não ser vaiado. Porque eu não posso mais ficar calado ouvindo reiterados convites à participação nesses eventos, Ver. Isaac Ainhorn, quando recebo a informação de que um ex-Presidente desta Casa, Secretário de Estado da Educação, ao comparecer ao Fórum de Educação, foi sonoramente vaiado pelos seus integrantes, que, de costas, tentaram inibir o seu pronunciamento.

Por isso, Ver. João Antonio Dib, acredito que, se nós continuarmos na competição de fazer a quantidade de fóruns que se faz na cidade de Porto Alegre - e o Governador Rigotto quer que continuem a ser realizados aqui, até por que atendem a indústria hoteleira -, se nós continuarmos com esse padrão, eu sinto como absoluta a necessidade - e não sei se o mês de julho não seria o grande momento - de fazermos, aqui, um fórum municipal, um fórum não das autoridades locais, mas um fórum local propriamente dito, com o povo, com as associações comunitárias, com os clubes de serviço, com os agentes positivos da comunidade, independente de coloração política, participando de um grande debate a respeito do destino da Cidade de Porto Alegre, a respeito dessas mazelas de que estou falando, da má aplicação dos recursos públicos, que eu estou a denunciar, da incúria que se faz com a cidade de Porto Alegre, quando, por mais de dez anos, se prometem alguns tipos de soluções e só se apresentam frustrações.

Como sou vizinho do Cine Capitólio, eu elejo o Cine Capitólio como um grande exemplo. Eu passo todos os dias por ali e vejo a calçada absolutamente desmontada, o prédio quase caindo e, sobretudo, uma absoluta e total desvalorização daquele imóvel, que foi tombado como sendo do patrimônio histórico e cultural do Município de Porto Alegre. Isso é uma mazela, é uma situação que o fórum da cidadania, o fórum da comunidade, o fórum da gente de Porto Alegre haveria de constatar e levantar.

De resto, eu quero que todos os visitantes da cidade de Porto Alegre tenham uma boa estada no nosso Município e no nosso Rio Grande do Sul. Espero que aproveitem bem os recursos públicos que foram generosamente gastos para preparar a Cidade e o Estado para recebê-los e que, sobretudo, se locupletem vendo aquilo que o Governo do Município quer mostrar, e não vendo aquilo que o Governo Municipal quer esconder. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, nós queremos, aqui, nos manifestar acerca da realização do Fórum Social Mundial e da sua importância para a cidade de Porto Alegre. Indiscutivelmente, nós temos de reconhecer que Porto Alegre foi colocada no mapa do mundo em função da realização do Fórum Social Mundial, do ponto de vista do estudo, da pesquisa e do trabalho de aprofundamento sobre debate de natureza política, social e econômica. Todos nós sabemos que ele nasceu com base em um conjunto de Organizações Não-Governamentais e lastreado no apoio indiscutível do Partido dos Trabalhadores, aqui na cidade de Porto Alegre e no Rio Grande do Sul, sendo essas estruturas federadas governadas pelo Partido dos Trabalhadores. Nem por isso, Ver. Zé Valdir, nós vamos minimizar o papel e o valor que tem o Fórum; ao contrário, vamos reconhecer o valor, a qualidade, a importância desse evento, seja do ponto de vista internacional, como um fórum de discussão, de debates de idéias, e com notórias repercussões de natureza política.

Agora, como gosta de dizer o Ver. Sebastião Melo, “devagar com andor porque o santo é de barro”. Esse processo do Fórum Social Mundial teve e sofreu muitas críticas porque a formulação dele, na sua estrutura organizacional, padece da ausência de um debate mais democrático. Isso me lembra que, há uns dois anos, o PT, o Governo Municipal realizou um Fórum Internacional sobre Orçamento Participativo, e não houve nenhum representante do Legislativo da Cidade de Porto Alegre convidado para participar dos debates desse fórum de idéias.

Então, sobre o Orçamento Participativo, esse encontro internacional em Porto Alegre foi um encontro de uma só voz, e não do debate de idéias e das posições prós e contras, e das alternativas ao instituto jurídico-político do Orçamento Participativo. Nós vemos, de um lado, alguns avanços no Fórum, do ponto de vista de melhoria da sua organização, e o fato de governos de matizes diferentes das do Partido dos Trabalhadores, hoje, emprestarem apoio ao Fórum já é um fato positivo, no sentido de mostrar que ele tem que ser um fórum de idéias, e plural, plural do ponto de vista dos participantes e das idéias apresentadas.

O Ver. Reginaldo Pujol trouxe ao nosso conhecimento que, no Fórum de Educação, o Secretário de Educação do Estado não teve o espaço de reconhecimento, de valorização da maior autoridade do ponto de vista de representatividade no Fórum da Educação, que é o Secretário Estadual da Educação, José Fortunati. Não é a primeira vez; no ano passado, o hoje Secretário, então Presidente desta Casa, não pôde manifestar a sua posição, num dos eventos realizados no Fórum, na condição de Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre. Vejam, isso não é bom para a consolidação das instituições, das estruturas democráticas em nossa Cidade, de resto em nosso País. Mas ele não tem sido feliz nas suas intervenções, ele vai, tenta participar, uma vez sequer foi aceito, ignorado na sua condição de Presidente da Câmara, o que ensejou uma polêmica moção que permaneceu, como era polêmica, sem ser votada, foi sendo adiada a sua votação, que restou, no dia 31 de dezembro último, arquivada. E agora, Ver. Zé Valdir, o fato se repete com o então Presidente da Câmara Municipal, que não pôde ter acesso, através da voz, num debate sobre questões que envolviam matérias de interesse político, mas agora novamente no Fórum da Educação. Isso não é bom, é um anonimato de quem coordena e de que critérios são usados. Mas as autoridades locais da cidade, do Estado, convenhamos, elas não podem ser ignoradas, e, infelizmente, têm sido, é o que tem acontecido no cotidiano desse espaço.

Ainda sobre o Fórum, veja as contradições, Ver. Elói Guimarães, eu assistia, ontem, ao seu chefe partidário, Senador da República, eleito com uma extraordinária votação, jornalista e radialista Sérgio Zambiasi, no seu programa da Rádio Farroupilha, e eu acho um gesto, uma postura, uma posição muito bonita a dele: ele é Presidente da Assembléia, ele é Senador da República reeleito, vai tomar posse agora dia 31 de janeiro, continua mantendo o seu programa na Rádio Farroupilha, e ele fazia um apelo para que as pessoas doassem aos ambulantes garrafas térmicas de cinco litros, isopores, para que eles pudessem vender os seus produtos junto ao Parque Maurício Sirotsky Sobrinho, junto às áreas de recreação. Essa é a posição do Senador Sérgio Zambiasi, fazendo apelos. E daí telefonava, dizendo que a senhora fulana de tal doou uma garrafa térmica de cinco litros para o senhor fulano de tal, ambulante, que quer ganhar o seu dinheirinho, está desempregado. E de outro lado, vejo uma atitude elitista, udenista, do Secretário Municipal da Indústria e Comércio, nosso fraternal e querido colega e amigo, perseguindo os ambulantes que vendem refrigerantes de latinha, perseguindo essa gente. Ao invés de criar uma estrutura para regularizá-los e habilitá-los para poderem vender os seus produtos, ele, simplesmente, Ver. Sebastião Melo, mandou punir e proibir a ação dos ambulantes aqui no Parque Maurício Sirotsky Sobrinho e em outros onde é realizado o Fórum Social Mundial.

Eu gostaria - e vou fazer um apelo ao Secretário da Indústria e Comércio, no sentido de que seja tão diligente com os poderosos e fiscalista em relação aos poderosos como ele está sendo em relação aos pequenos – de ver essa atitude de parte do Secretário da Indústria e Comércio.

 

O Sr. Sebastião Melo: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Isaac Ainhorn, muito obrigado pelo aparte. V. Ex.ª está absolutamente correto. Eu não posso ver os comerciantes da Rua Voluntários da Pátria usarem três metros da calçada que é do povo e o Secretário da Indústria e Comércio nada fazer. Agora, no entanto, os ambulantes não podem ficar na calçada. Então, temos que ter equilíbrio nesse jogo.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Eu, por exemplo, aplaudo o uso das calçadas. O Projeto de autoria do Ver. Reginaldo Pujol, que disponibiliza as calçadas para colocar mesas, lá na Padre Chagas, foi vetado pelo Governo. Para essas coisas, tudo vistas grossas! Eu quero que ele vá lá dentro dos grandes estabelecimentos comerciais, nas grandes redes, buscar mercadorias vencidas, uma vigilância sanitária mais intensa - que ele está fazendo - da qualidade dos produtos. Eu quero que neste País se enfrentem os poderosos, porque até agora o que nós observamos é que há um sorriso dos poderosos, neste País, neste momento, pela forma como as coisas estão-se colocando. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): A Ver.ª Clênia Maranhão está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Sr. Presidente, Sr.ª Vereadora, Srs. Vereadores, rapidamente queremos colocar uma questão que achamos relevante dentro desse debate que esta Casa faz, nesta manhã, um debate extremamente rico, fazendo análises de diversos pontos de vista da luta pela paz mundial e a ação que será feita em Porto Alegre no ato de abertura, com a grande passeata pela paz que ocupará as ruas de Porto Alegre. Eu acho que essas duas questões foram os pontos relevantes desse debate.

Eu não quero entrar na discussão de quem é a favor do Fórum, se é o Município, se é o Governo do Estado, se é o Governo Federal, porque aí entramos no campo da disputa político-ideológica. Está mais do que evidente para o conjunto da sociedade porto-alegrense e gaúcha que esse Fórum é um fórum composto por representação de diversos segmentos da sociedade brasileira, inclusive eu queria lembrar ao Ver. Zé Valdir, quando citou o Bernard Cassen, que retomo, aqui, o nome de Oded Grajew, que foi também um outro fundamental formulador desse Fórum, o Bernard Cassen é um Francês, mas o Oded Grajew é um brasileiro, Presidente do Instituto ETHOS, que foi realmente uma peça decisiva na formulação dessa proposta.

Eu acho que essa discussão de quem é o pai da criança, se o Governo do Estado é a favor, o Município é contra, o Governo Federal, não sei o que, essa é uma discussão ideologizada e partidarizada.

O Brasil, pelas suas características históricas, políticas e culturais, e Porto Alegre pelas suas circunstâncias também políticas, históricas e culturais, sedia um Fórum Internacional que tem uma relevância muito grande neste momento político.

Essa iniciativa cresceu. Inclusive acho que é importante fazer uma análise histórica sobre o Fórum, que teve um crescimento muito grande do ponto de vista da diversidade.

Esses fatos lamentáveis citados pelo Ver. Isaac Ainhorn de tentar cercear a palavra do Presidente da Câmara Municipal, de um Secretário de Educação são fatos, ainda, que demonstram que dentro desse maravilhoso instrumento que é o Fórum, ainda tem segmentos que não compreendem o momento político por que passa esse País. É o momento em que o conjunto da sociedade se organiza, do ponto de vista político para fazer os avanços e as reformas necessárias ao desenvolvimento brasileiro.

Eu queria só relembrar aqui que mesmo no primeiro Fórum Social Mundial a Câmara Municipal de Porto Alegre foi palco de encontros bem representativos e, neste momento da realização do 3º Fórum Social Mundial, uma parte importante do Fórum Mundial da Educação foi feita dentro desta Casa. E eu quero dizer que amanhã, inclusive, eu estou coordenando, com o apoio da Presidência da Casa, do Ver. João Antônio Dib, dentro do Salão Nobre desta Casa, uma reunião onde nós receberemos a Presidente da Federação Democrática Mundial de Mulheres que é uma brasileira, que vai reunir as lideranças femininas políticas do MERCOSUL, para discutir a questão da participação das mulheres no mundo político; a democratização necessária às instituições e a questão da inclusão social e da paz mundial. Então, acho que a nossa Casa tem dado uma contribuição importante, inclusive do ponto de vista de avançar nesta concepção, na democratização do Fórum, que é um Fórum que tem contado com o apoio dos três níveis de Governo, e do conjunto da sociedade porto-alegrense. Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Zé Valdir está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. ZÉ VALDIR: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, algumas coisas que estão sendo ditas aqui sobre o Fórum revelam uma total incompreensão, até sobre o funcionamento do Fórum. Porque uma coisa é o Fórum como foi dito, a programação oficial, outra coisa são diversas oficinas que se realizam nos mais diferentes locais, inclusive com a ampla possibilidade de se participar. A própria Vereadora há pouco relatou aqui iniciativas, uma série de atividades paralelas que existem no Fórum, inclusive para quem não sabe, agora, inclusive, descentralizadas; por exemplo, sábado vai ter, na Zona Norte, atividades do Fórum, lá no Liberato.

É que alguns Vereadores não se informam e misturam as coisas, Fórum de Autoridades Locais. Mas Fórum de Autoridades Locais são Prefeitos de Cidades que têm determinadas experiências, que aliás já tem uma história de se reunirem juntos, Prefeitos, Executivos. E o nome já diz: experiências locais, experiências de prefeituras... Agora, não pode vir alguém dizer, porque tem um determinado regramento, algumas coisas, que então não é democrático, assim como esta Casa tem um regulamento. Então, o Fórum de Autoridades Locais é um Fórum que reúne Prefeitos, Executivos de experiências mundiais importantes; o Fórum da Educação reúne especialistas em educação, experiências importantes que existem no mundo afora, são atividades paralelas que tem no Fórum. E tem o Fórum com uma programação oficial e uma série de oficinas as mais amplas, múltiplas, com temárias mais diversificadas, e quem não entender isso faz essas confusões, que vi alguns Vereadores fazerem.

Quanto à questão que foi falada aqui de que deveriam levar as pessoas do Fórum para visitar as favelas, como se para as pessoas que estão no Fórum esse fosse um assunto completamente novo, como se isso não tivesse sido feito; inclusive isso vai ser feito. Por exemplo, talvez o Ver. Sebastião Melo não saiba que isso ocorreu no Fórum passado, aliás eu acompanhei várias pessoas que pretendiam visitar as favelas em Porto Alegre, inclusive essa da entrada da Cidade, nós estivemos lá com várias pessoas. Não há nenhum problema em mostrar a Cidade real, aliás essas pessoas que vêm ao Fórum, os debatedores, todos eles não esperam nem aqui em Porto Alegre, nem em nenhum país do Terceiro Mundo uma ilha da fantasia, um local onde não haja problema, todas as mazelas do capitalismo, todas as mazelas da exploração colonial que os países latino-americanos sofreram. Pelo amor de Deus, essas pessoas têm de ter um crédito! Não se pode subestimar as pessoas que vêm ao Fórum, como esconder das pessoas aquilo que elas já sabem, elas já sabem que países como o Brasil, cidades como Porto Alegre, em que pese estar realizando uma experiência importante para o mundo inteiro no campo da democratização, em que pese estar invertendo prioridades, não resolveram os problemas do mundo... Alguém é tão tacanho que não sabe disso? Alguém acha que em algum país do mundo não haja problema de saneamento, de habitação, de exclusão social? Alguém acha que em algum país do mundo não tem isso? Eu estive nos Estados Unidos, em San Francisco, e encontrei pessoas dormindo na calçada; no País que é considerado o melhor país do mundo. Se formos nos países de Primeiro Mundo vamos encontrar outro tipo de exclusão. Essas pessoas que vêm para o Fórum Social Mundial, Ver. Sebastião Melo, conhecem a realidade de países como o Brasil, que tem uma história decorrente de uma exploração colonial. Elas sabem que em nenhum país do mundo, por melhor que seja a experiência de participação e de inversão de prioridades, conseguiram zerar os problemas sociais.

Quanto a mostrar, nós mostramos, sim. Neste Fórum Social está aberta a Cidade para todos; há, inclusive, roteiros para conhecer os problemas, embora as pessoas que vêm para o Fórum já saibam. Ninguém vem para cá iludido, achando que neste canto do mundo se resolveram os problemas da humanidade.

Há outra coisa interessante, que eles não falam aqui. O Ver. Isaac Ainhorn falou que o Fórum Social Mundial projetou a cidade de Porto Alegre. Mas, por que é que o Fórum veio para Porto Alegre? Alguma vez, eles olharam no mapa, atiraram uma pedrinha e quem sabe parou em Porto Alegre e então resolveram vir para cá? Será que foi por isso? Será que escolheram Porto Alegre, porque tem, sim, uma experiência de participação que se contrapõe a essa idéia do pensamento único, que se contrapõe a essa idéia de que para ser eficiente não pode ter participação popular? Será que não foi por essas coisas, que alguns ainda insistem em não ver, mas que o mundo inteiro viu e por isso o Fórum Social se estabeleceu em Porto Alegre? É preciso dizer estas coisas, e reconhecer isso é um ato de humildade e um compromisso com a verdade, porque o mundo inteiro reconheceu. Por isto o Fórum Social Mundial está em Porto Alegre. Ninguém colocou o Fórum Social aqui por acaso.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Regimentalmente, este Presidente poderia usar o tempo de Presidente, poderia ter usado inclusive a sua inscrição nesta Sessão. No entanto, eu preciso fazer um registro, depois que tanto falaram em Fórum Mundial, para conhecimento desta Casa e do povo porto-alegrense. Sempre, como Prefeito, eu afirmei que a Cidade era como uma grande casa e que tinha responsáveis sobre essa grande casa. No caso, Porto Alegre, a grande casa, tem dois responsáveis: o Legislativo e Executivo. Não se faz uma festa sem que os dois responsáveis sejam convidados. No caso do Fórum Social Mundial um lado foi convidado, um lado participa, que é o Executivo, e por uma desatenção, por um desacato, por um desrespeito ao Legislativo ele não foi convidado a participar do Fórum Social Mundial, ainda que tenhamos autorizado e pago as inscrições de mais de uma dezenas de Vereadores.

Era preciso que a Casa soubesse e que o povo de Porto Alegre também soubesse que o Legislativo, um dos responsáveis, um Poder da Cidade – são dois, iguais e harmônicos entre si – não foi convidado para o Fórum Social Mundial. Eu espero que, eticamente, depois dessa declaração, não chegue nenhum convite à Casa, porque aí o desrespeito seria muito maior.

O Ver. Elói Guimarães está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente, Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores, o debate da Casa domina em torno do Fórum Social Mundial pela sua importância, e a Casa reflete, volto a reiterar, nem pode ser diferente, deixaria de ser a Casa do povo, se não refletisse o momento político, o momento histórico da Cidade, do Estado, e, de resto, do País. São falhas, Sr. Presidente, que deverão e devem ser corrigidas, porque, segundo sei, determinadas instituições foram convidadas, e por que não convidar a Câmara? É de ofício o registro de V. Ex.ª, na qualidade e na condição de Presidente da Câmara Municipal, e nós, por igual, fazemos coro no sentido de que nos próximos encontros não se deixe, desse Fórum democrático, institucionalizado, fora, ausente a Câmara, oficialmente, por falta de convite.

Mas continuo o debate sobre o Fórum Social e já disse o que se despende ao Fórum, Ver. Sebastião Melo, é o investimento, que retorna em forma de impostos, taxas. Não estou querendo dizer que o Fórum Social é um apelo turístico, até porque turismo é uma das melhores indústrias que o mundo possui. Os países do Primeiro Mundo, como a Espanha, Itália, Portugal têm grandes receitas por intermédio da indústria do turismo. Por essa razão, então, vale o Fórum, mas a finalidade é outra. Vamos deixar claro isso. A finalidade do Fórum, que tem assegurado na demanda de pessoas, enfim, de consumo, o valor que despende, o Fórum Social é auto-sustentável, porque ele gera, ele mexe com a roda de Davos, a roda do mercado. A economia gira e isso faz com que, do ponto de vista do seu dispêndio, seja um investimento e não uma despesa. Não é um gasto; é um investimento.

Evidentemente, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, aqui dizia com acerto o Ver. Zé Valdir que não foi por acaso que o Fórum veio para Porto Alegre, porque nisso patrocina, de forma muito forte, o Partido dos Trabalhadores, um pólo de esquerda na América, no mundo, um forte pólo de esquerda, que se situa no Rio Grande do Sul, em Porto Alegre e que inclusive ganha com eleições, com vitórias eleitorais e que sustentou ao longo do tempo uma tese, sustentou princípios e programas, que aos poucos está pondo em prática e deverá, em nível federal, pôr em prática toda aquela sustentação que fazia. Nós temos dúvidas, Ver. Zé Valdir, porque, no Estado, não se conseguiu, a tese, todo aquele arcabouço de princípios e idéias não foi concretizado no Estado. A União, evidentemente, a Presidência da República, ainda mantém o projeto neoliberal. Todo desenho, toda estruturação política e econômica do Governo é exatamente a continuidade do projeto neoliberal. Mas é um Governo de que não se pode cobrar – cumprimento, inclusive, o Presidente Lula, porque está-se saindo muito bem, já que quer governar. Então, a questão é a tese e a administração: a tese se suportará dentro da administração? Eu acredito que não. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. ZÉ VALDIR: Sr. Presidente, eu gostaria de fazer um pequeno contraponto ao seu pronunciamento, porque eu faria isso em um aparte, mas como V. Ex.ª não utilizou o seu tempo, eu gostaria de esclarecer uma questão. O Fórum Social Mundial não é estatal, é um conjunto de entidades civis, ONGs e possui uma coordenação. Não existe entidade oficialmente convidada. A Prefeitura participa dessa coordenação como co-participante desse processo, assim como a Câmara pode participar, é só solicitar. Não há entidade convidada, de dizer que a Prefeitura foi convidada e a Câmara não; é só ela encaminhar e, se quiser, participar como co-participante do processo junto com as entidades.

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): É valido o esclarecimento de V. Ex.ª, no entanto, eu insisto, está sendo feito na cidade de Porto Alegre - há dois Poderes iguais e harmônicos, se o Prefeito e o Governador do Estado foram convidados, pelos menos os jornais assim declararam, e se para os outros Fóruns que aqui se realizaram a Casa foi convidada, e se representou em todas - o Fórum Social Mundial, o qual não nos deu convite. Dessa forma, eu permaneço entendendo que um dos Poderes foi desacatado.

O Ver. Sebastião Melo está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. SEBASTIÃO MELO: Sr. Presidente, colegas Vereadores e colegas Vereadoras. Evidente que o tema é palpitante e ele faz com que eu volte a esta tribuna, frente à manifestação da representação governista nesta Casa, S. Ex.ª, o Ver. Zé Valdir.

Ver. Zé Valdir, nós temos muitas convergências em relação a esta matéria e, evidentemente, disso não vamos falar. Agora, vou começar por onde V. Ex.ª terminou. V. Ex.ª está dizendo o seguinte: em algumas oportunidades, algumas autoridades visitaram vilas de Porto Alegre.

Agora, eu quero perguntar a V. Ex.ª se, na realização deste Fórum ou se nos outros Fóruns, foi incluída no roteiro oficial a visita a alguma dessas vilas populares de Porto Alegre? Não, absolutamente não, Ver. Elói Guimarães! E o que V. Ex.ª diz, que as pessoas que vêm para cá, todas elas convivem com essa situação, também não é verdade. Há uma "burguesada" que vai lá debater, e eu vou dar exemplo! Há gente que está dizendo que não vem para Porto Alegre, para o Fórum, se não tiver uma suíte no Sheraton Hotel! E sabe de quem é que eu estou falando? Do Ministro da Justiça do Brasil, Sr. Marcos Thomaz Bastos, que disse que só vem para o Fórum se for reservada a suíte do Sheraton Hotel!

 

(Aparte anti-regimental do Ver. Isaac Ainhorn.)

 

Não, não, Ver. Isaac Ainhorn, mas eu estou contrapondo aqui, para dizer que essa questão não é bem assim! Quer dizer, Porto Alegre tem uma série de demandas públicas, ao longo do tempo, historicamente - mas eu estou falando de um Governo de quatorze anos -, encaminhou de uma maneira. Eu acho que a participação popular não pode se resumir em si própria! A participação popular se justifica, sim, quando ela está esteada em um projeto de inclusão social! E eu tenho uma visão muito clara do Governo de V. Ex.ª, um Governo extremamente conservador; um Governo que investe no asfalto, sim, muito asfalto nesta Cidade, mas, pouquíssimas habitações nesta Cidade! Um Governo que, lá na Vila Dique, onde estive, ontem à noite, fornece cinco fichas para as pessoas consultarem, elas têm de se levantar às 5h manhã, e agora querem baixar para quatro fichas! Mas o asfalto continua, porque o preço é na próxima eleição e não no futuro da Cidade.

Regularização fundiária: 84% da população brasileira vive hoje nos grandes centros. Eu queria que o governo de V. Ex.ª pegasse o Ministro das Cidades e andasse por esta Cidade e mostrasse onde é que houve regularização fundiária nesses últimos anos. Vão dizer: “No Tesourinha foram vinte e duas.” Digam-me mais! Tiraram aqui da Vila Cai-Cai, levaram para a Cavalhada, com casas de 32m2, onde há barro, esgoto a céu aberto. Não, por favor, então vamos aprofundar este debate!

Eu quero que o mundo conheça a Porto Alegre real. A Porto Alegre que, quando V. Ex.ª assumiu o Governo, em 1988, tinha duzentas e setenta vilas irregularidades e hoje tem quatrocentas e setenta! Essa é a realidade da Cidade! Mas o asfalto vai muito bem. Agora, quanto aos postos de saúde, vá ali no postão da Vila Cruzeiro, onde eu estive nesta semana, ali as pessoas estão se debatendo para uma consulta com um clínico geral; não há remédio nas prateleiras; as filas continuam, a mazela continua e o povo passando muito mal. O problema é do Brasil e do mundo, mas também é da Prefeitura. Transferiram para o Governo do Estado a regularização fundiária, agora transferiram para a União, espero que não vão transferir para a ONU agora, porque eu não vou cobrar do governo de V. Ex.ª em vinte dias, mas a sinalização é de que será um governo fiscalista e conservador e com alguns pequenos focos de corrupção, logo ali na frente, mas, por enquanto, extremamente conservador. Conservador, fiscalista, monetarista, atrelado ao Fundo Monetário Internacional. Fala com o Bush uma vez por semana para consultar se a linha programática está boa. Esse é o eixo do Governo, que acena para os trabalhadores, faz reuniões com os trabalhadores, mas governa com a catedral do capitalismo, que é a FIESP. O eixo do Governo é a catedral do capitalismo. Pode mudar, não sei se muda.

Queremos mudança. Até agora, viva Fernando Henrique e viva a política monetarista encampada por Lula, direcionada durante oito anos por Fernando Henrique Cardoso, mais conhecido por FHC.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, a precisão da análise social da cidade de Porto Alegre que o Ver. Sebastião Melo, que me antecedeu, fez desta tribuna: o PT, desde 1989, está à frente da Prefeitura Municipal de Porto Alegre e numa questão chave que é a regularização fundiária e, além da regularização fundiária, na questão da habitação não fez absolutamente nada para reduzir o déficit de habitação e erradicar, Ver. Sebastião Melo, a subabitação na cidade de Porto Alegre. Infelizmente as condições subumanas da habitação deveriam ser objeto de uma visita da Temática da Habitação aqui na cidade de Porto Alegre. Não precisa ir na Vila Dique, Vereador, não precisa ir tão longe, vá aqui na Rua Voluntários da Pátria, a dois mil metros desta Casa, próximo à Rede Ferroviária, e encontrará a tragédia social daquelas habitações, daquelas malocas, daqueles molambos ali existentes, ao lado do asfalto bonito e expostos ao perigo dos carros que passam por ali em direção ao DC Navegantes, onde as vítimas são os pequeninos. Não me consta que ali tenha um “pardal”. Eu até aplaudiria se a Administração, ali naquela área, colocasse um “pardal” para que se reduzisse a velocidade e se tirasse o risco de atropelamento das crianças que brincam à beira da calçada, à beira do esgoto meio pluvial, meio cloacal, que corre por ali. Na Rua Voluntários da Pátria, não precisa ir muito longe, Ver. João Antonio Dib., V. Ex.ª, que anda pela Cidade, vê aquilo ali e não precisa pegar a Av. Castelo Branco, porque o maior risco ali é à noite, quando há violência, em função, até, daquela tragédia, daquela miséria social, Ver. Zé Valdir, que o Governo de V. Ex.ª às vezes teima em ignorar. Pensei até, Ver. João Antonio Dib, que veria o Ver. Sebastião Melo, como representante, tomando um banho ali com o Ministro das Cidades, que está num estado atlético invejável para a sua idade, o Sr. Olívio Dutra.

 

(Aparte anti-regimental.)

 

O SR. ISAAC AINHORN: Tomar água não, e nem poderia porque ela não é potável, Vereador. Daí V. Ex.ª quer fazer o que um Vereador, certa feita, fez, mas ele fez diferente; ele levou um litro de água - isso há muitos anos, quando o Ver. João Antonio Dib era Prefeito desta Cidade – para o Ver. João Antonio Dib beber. O Ver. João Antonio Dib ri e não pode dar apartes porque ele preside os trabalhos – quem preside, preside. De vez em quando ele se aventura a fazer algumas comunicações dali, porque ele não resiste. Ele não tem mais a Questão de Ordem, porque o Ver. João Antonio Dib, que preside, é a própria ordem. Mas, ora, Ver. Zé Valdir, V. Ex.ª, que é uma expressão do movimento comunitário, que é professor, tem que ser mais sensível a essas questões sociais. E o trajeto que o Presidente Lula da Silva fará é curioso. É aquilo que o Ver. Sebastião Melo disse, ou seja, ele dará numa “passadinha” aqui pelo Fórum Social Mundial e depois vai pedir a bênção lá em Davos, ele vai a Davos e ao encontro reservado com Bush. Mas eu só pergunto o seguinte: ele vai a Davos ou não vai? Um assessor do Prefeito Verle me acena... Mas o Presidente Lula vai a Davos ou não vai? E vai com quem, Ver. Zé Valdir? Vai com o Sr. Meirelles, ex-presidente mundial do Banco de Boston? Com o Dr. Roberto Rodrigues? Que é representante da estrutura, não vou dizer da oligarquia rural brasileira, mas da nata da nata, daquilo que a gente diz ali da Rua Padre Chagas, de onde V. Ex.ª não é freqüentador, mas que o ex-Prefeito Tarso Genro o é, la créme de la créme. O Dr. Roberto Rodrigues tem a simpatia total do Dr. Sperotto, da FARSUL. Ainda hoje os jornais registram a simpatia total, inclusive pela indicação, porque, felizmente para o Rio Grande do Sul, não saiu Delegado do Ministério da Agricultura o ex-Secretário da Agricultura, que tinha uma bandeira do MST no seu gabinete na Secretaria. Saiu como Delegado do Ministério da Agricultura, e quero aplaudir, o ex-presidente do IRGA, que é mais light, mais soft, ouve os dois lados; é o homem indicado pelo Sr. Ministro da Agricultura para ser Delegado do Ministério da Agricultura, e não o Sr. Hoffmann. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Ao encerrar esta Reunião da Comissão Representativa, na qual compareceram doze dos dezessete membros integrantes, reafirmo entender que este Legislativo, um dos dois Poderes do Município, foi desacatado; não recebeu o convite. Não se faz uma festa na casa de alguém sem convidar o dono. Saúde e paz. Estão encerrados os trabalhos da presente Reunião.

 

(Encerra-se a Reunião às 12h28min.)

 

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